Água pura, controle do lixo e tratamento de esgoto são desafios para a sociedade brasileira (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

“Quando o governo é relapso com o saneamento básico nosso dever é lembrá-lo”, afirmou o arcebispo de Florianópolis dom Wilson Tadeu Jönck na entrevista coletiva a respeito da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) 2016. Ele concedeu a entrevista na Cúria Arquidiocesana às 10 horas do dia 10, quarta-feira de cinzas, que marca o início da quaresma.

A Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 terá como tema “Casa comum, nossa responsabilidade” e lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5.24), com foco no saneamento básico, desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida aos cidadãos.

De acordo com dom Jönck, a CFE servirá para “uma grande reflexão” a respeito da distribuição de água potável, tratamento de esgoto e destinação adequada do lixo.

— O principal objetivo da campanha é a conscientização. E também o acompanhamento. Insistir diante das instâncias públicas. Muitas vezes a nossa inércia e a nossa passividade faz com que as coisas não surjam —, explicou o arcebispo.

Para ele, o “grande trunfo” das Igrejas são as comunidades para informar as pessoas e estimular a reflexão sobre os problemas locais e do bairro.

Márcio Murilo, coordenador da Comissão Arquidiocesana para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, explicou que a campanha da fraternidade envolve outras igrejas cristãs ligadas ao Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) o tema atinge uma maior número de pessoas.

— Além das dimensões política, social e econômica do saneamento básico também há uma dimensão espiritual, dentro das nossas Igrejas Cristãs —, explicou Murilo. Segundo ele, também é papel das religiões o cuidado com o saneamento básico é importante para a nossa subsistência “para que não tenhamos um mundo físico que, daqui a pouco, não nos ajude mais a viver.

A Coordenadora Regional da Campanha da Fraternidade do Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Adelir Raupp, destacou que a Coleta Nacional da Solidariedade realizada no domingo de ramos, no domingo anterior da Páscoa, é essencial para o custeio de projetos sociais relacionados com o tema da campanha.

— Os projetos possibilitam não só a geração de renda mas algumas iniciativas que possam minimizar os problemas que afetam a saúde das pessoas —, explicou. Na arquidiocese, a Ação Social Arquidiocesana é responsável pela gestão do fundo criado a partir de 60% do montante que é doado.

Situação Crítica

De acordo com dados divulgados pelo Conic, mesmo entre as maiores economias do mundo, o Brasil possui mais de 100 milhões de pessoas sem saneamento básico. O Estado brasileiro tem deficiência na prestação de serviços relacionados ao tratamento da água e do esgoto e à coleta de lixo.

Apenas 16% da população de SC é atendida por tratamento de esgoto, de acordo com dados apresentados em outubro do ano passado pela professora Viviane Trevisan, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), São Ludgero e Orleans, no sul do estado, são dois raros exemplos em que tem 100% do esgoto tratado.

Parceria

O Conic é constituído pelas Igrejas Apostólica Romana (ICAR), Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), Presbiteriana Unida (IPU) e a Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA).
Compõem a Comissão da CFE2016 o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep), a Visão Mundial e Aliança de Batistas do Brasil.

A Campanha também tem o apoio da Misereor, entidade episcopal da Igreja Católica na Alemanha que trabalha na cooperação para o desenvolvimento de países da Ásia, da África e na América Latina.

Campanhas Ecumênicas

A primeira Campanha da Fraternidade Ecumênica foi realizada em 2000, com o tema “Dignidade humana e paz” e lema “Novo milênio sem exclusões”. A segunda, em 2005, abordou “Solidariedade e Paz” e “Felizes os que promovem a paz”. A Campanha de 2010 tratou da “Economia e Vida”, a partir do lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”.
Com informações do CONIC e da CNBB