“Nessas semanas de apreensão por causa da pandemia que está fazendo o mundo sofrer, entre as muitas perguntas que nos fazemos, também pode haver perguntas sobre Deus: o que Ele faz diante de nossa dor? Onde está quando tudo dá errado? Por que não resolve os problemas rapidamente?”
Com essas palavras, o Papa Francisco iniciou sua catequese na Audiência Geral, desta quarta-feira (08/04), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, devido à pandemia do Covid-19.
Crucifixo e Evangelho: grande liturgia doméstica
O Papa então disse que se continuamos a leitura da Paixão do Senhor, “encontramos um fato surpreendente. Quando Jesus morre, o centurião romano, que era um pagão, que o viu sofrer na cruz, o ouviu perdoar a todos e tocou com as mãos o seu amor sem medida, confessa: «De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!» Diz o contrário dos outros. Diz que Deus está ali realmente”.
“Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos; que não nos esmaga com a sua glória, mas se despe por nós; que não nos ama em palavras, mas nos dá a vida em silêncio; que não nos obriga, mas nos liberta; que não nos trata como estranhos, mas assume os nossos males, os nossos pecados. Para nos libertar dos preconceitos sobre Deus, olhemos o crucifixo e depois abramos o Evangelho.”
A seguir, o Papa disse:
“Nestes dias, todos em quarentena e em casa, fechados, tomemos essas duas coisas em mãos: o crucifixo, vamos olhá-lo, e abramos o Evangelho. Isso será para nós, digamos assim, como uma grande liturgia doméstica, pois não podemos ir à igreja nesses dias. Crucifixo e Evangelho.”
Deus é onipotente no amor
O Evangelho nos diz que “quando as pessoas vão a Jesus para fazê-lo rei, por exemplo, depois da multiplicação dos pães, Ele sai. Quando os espíritos maus querem revelar a sua majestade divina, Ele os silencia. Por quê? Porque Jesus não quer ser mal entendido, ele não quer que as pessoas confundam o Deus verdadeiro, que é o amor humilde, com um deus falso, um deus mundano que dá espetáculo e se impõe à força. Deus é onipotente no amor, e não de outra maneira. É sua natureza. Ele é assim. Ele é amor”.
Francisco disse que podemos objetar:
O que eu faço com um Deus tão fraco? Preferiria um deus forte e poderoso!”. Mas o poder deste mundo passa, enquanto o amor permanece. Somente o amor protege a vida que temos, porque abraça as nossas fragilidades e as transforma. É o amor de Deus que curou o nosso pecado na Páscoa com seu perdão, que fez da morte uma passagem da vida, que transformou o nosso medo em confiança, a nossa angústia em esperança. A Páscoa nos diz que Deus pode transformar tudo para o bem. Que com ele podemos realmente confiar que tudo ficará bem. É por isso que na manhã de Páscoa nos é dito: “Não tenha medo!”. As perguntas angustiantes sobre o mal não desaparecem repentinamente, mas encontram no Ressuscitado o fundamento sólido que não nos deixa naufragar.
Francisco concluiu sua catequese, dizendo que “Jesus mudou a história, tornando-se próximo de nós e fez dela, embora ainda marcada pelo mal, uma história de salvação”. Convidou a todos a abrir o coração na oração: “Não se esqueçam: Crucifixo e Evangelho. A liturgia doméstica será essa” e desejou a todos uma boa Semana Santa e uma Feliz Páscoa.
Por Vatican News.