Hospitais tem realidades diferentes, como os de Itaiópolis e Mafra, respectivamente, esquerda e direita na montagem.

Histórias de profissionais e pacientes e hospitais da Região Norte de Santa Catarina é a reportagem de capa da Revista Diocese Informa, de Joinville, este mês. “Eu meio ao caos do pronto-atendimentos superlotados e da falta de estrutura de alguns locais, encontramos histórias incríveis, profissionais dedicados e apaixonados pelo que fazem, cheios de gratidão. Encontramos trabalhos maravilhosos realizados dentro dos hospitais, no silêncio, sem que ninguém saiba”, concluiu a equipe de reportagem.

Com foco em uma das obras corporais, “assistir os enfermos”, do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, a equipe recolheu histórias das pessoas que movimentam o dia a dia desses locais e viram de perto como os pacientes são cuidados. A reportagem encontrou realidades bastante distintas.

No Hospital Regional de Joinville, responsável por quase 700 internações mensais e 2,3 mil atendimentos na emergência, a médica Maria de Graça Assef, é responsável pela UTI, que possui 20 leitos, disse que o serviço não perde para os hospitais privados. “Se eu ficasse doente e precisasse de uma UTI, o local onde eu gostaria de ser tratada é aqui”, disse à reportagem.

Um pouco diferente é hospital municipal de Itaiópolis, distante 157 quilômetros de Joinville, com 48 leitos e 64 funcionários, o hospital carece de recursos.

— A estrutura do hospital não atende às necessidades da população da cidade porque o que fazemos hoje é quase uma ‘telefonoterapia’. Passamos a maioria do tempo tentando encaminhar pacientes para outras unidades. Em termos de estrutura física, nós temos uma estrutura boa, mas que nunca foi cuidada. Espaço nós temos, mas nunca foi realizada uma manutenção decente aqui —, contou o gerente de enfermagem Alain Lourenço Gomes.

Parte dos pacientes de Itaiópolis são transferidos para 43 quilômetros dali, Mafra. Este é o destino de pacientes provenientes de cidades como Papanduva, Canoinhas, Monte Castelo. Das mais de 5,4 mil internações realizadas em 2015, 71% da ocupação nas unidades normais e 90% da ocupação na UTI foram destinadas ao SUS. Só no ano passado foram realizadas 3,1 mil cirurgias, 28,4 mil exames e quase 50 mil pacientes atendidos no Pronto Atendimento. O hospital São Vicente de Paulo é referência da região.

Em comum, os funcionários de toda as áreas revelaram o seu apreço pelo serviço. Como Helena Alves de Carvalho, responsável pela limpeza da UTI do hospital infantil de Joinville, “eu sei que nós, da limpeza, temos uma participação muito importante aqui no hospital. O importante é a gente ter amor ao serviço. Com amor a gente consegue fazer as coisas bem caprichadas porque ali na UTI, por exemplo, às vezes tem isolamento e nesses setores a limpeza é diferente”.

— Pra mim o hospital é um campo onde posso me dedicar aos dois lados: humano e profissional. Estar aqui hoje para o meu ser é muito importante —, disse a técnica em enfermagem do Hospital Dona Helena, da Associação Beneficente Evangéli­ca de Joinville.

Hospital Bethesda, com 96 leitos, a psicóloga Aglasiane Ramlow Milke ponderou que “o essencial para cuidar bem de um paciente é permitir espaço para eles. As pessoas precisam ser ouvidas. As vezes o cuidado pode ser uma coisa muito simples, como: mudar a cama de lugar ou fazer contato com algum familiar. Muitas vezes permitir que o simples aconteça pode tornar o dia a dia de quem está hospitalizado mais feliz”,

A segurança dos profissionais e a qualidade do atendimento são essenciais para pessoas que chegam fragilizadas nas unidades, como Cladimir José Depastiani, de 53 anos, atropelado por um automóvel. Ele conta com Hospital Municipal de Guaramirim para se recuperar dos problemas de saúde, este ano foram três internações. Ele agradece o atendimento do hospital. “O que gostaria mesmo era de estar trabalhando”, disse ao Diocese Informa.

Os repórteres Franciel Iurko e Marcela Passos e a fotógrafa Mariana Luiza, visitaram 11 hospitais, onde entrevistaram e fotografaram quase 30 pessoas.

Para eles, cada hospital proporcionou “uma experiência única. Sentimos na pele o que milhares de pessoas sentem todos os dias ao procurarem atendimento nos hospitais da região. Sentimos a paz e alegria de ser tra­tados com respeito, e a tristeza e revolta de ser recebi­dos com indiferença e falta de educação. Andamos por corredores claros, limpos e cheios de vida. E também por lugares completamente abandonados ao descaso de um governo e sociedade que fingem não ver”.