Participantes da Ampliada das CEBs e GRF celebraram com a comunidade São Cristóvão no sábado, 21 (Foto: Marcelo Luiz Zapelini/Agência Sul 4)

Na Ampliada Regional das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e Grupo de Família e Reflexão (GRF), em Chapecó, 19 a 21, 50 delegados das dioceses catarinenses, exceto Joaçaba, definiram que as inscrições para o 12º Encontro Estadual deverão ser feitas pelas dioceses até 03 de maio.

O evento, de 20 a 22 de maio, terá tendas temáticas em comunidades ao redor de Chapecó. Os assuntos envolvem condomínios, migração, periferias, centros urbanos, campo e litoral. De acordo com Sandra Mohr, que representa Chapecó na coordenação do 12º Encontro, “as tendas estarão em locais que, mais ou menos, condizem com o seu tema. Por exemplo, a tenda sobre o mundo do campo estará em Nova Itaberaba, o berço do Movimento de Mulheres Camponesas”.

A proposta é que os participantes celebrem com as comunidades e usem a criatividade para elaborarem peças artísticas para a partilha com as outras tendas, no dia 22.

A coordenação das CEBs e dos GRF apresentou o texto-base, que analisa os temas a partir da metodologia “ver-julgar-agir na fé”.

— Procuramos contemplar várias realidades urbanas que exigem uma resposta evangelizadora. Incluímos a realidade do campo porque a maioria de nossas cidades são “rurbanas”, o que acontece no campo impacta diretamente na cidade, como o êxodo rural, que incha as periferias —, explicou padre Reneu Zortea, coordenador regional da CEBs.

O impresso de 64 páginas chegará aos grupos para formação dos delegados, mas poderá também ser usado na formação permanente de lideranças. Os encontros diocesanos acontecerão em abril nas dioceses de Lages (6), Chapecó (16), Blumenau (16), Tubarão (16), Criciúma (30). Na Arquidiocese de Florianópolis, o encontro de formação sobre o texto base para os 50 delegados será no dia 17 do mesmo mês. As demais dioceses mão confirmaram a agenda.

Mundos do mesmo mundo

No sábado, a coordenadora nacional do MST, Irma Brunetto, indicou que a realidade do campo está marcada pelo capital financeiro que impõe ao país um modelo agroexportador, similar ao que o país viveu até os anos 1930. Isto agrava os problemas relacionados ao uso indiscriminado de veneno nas lavouras e das sementes transgênicas, além do aumento da concentração da terra.

Bruneto descreveu a dificuldade com a dependência com a biotecnologia pelos agricultores. “Um saco de sementes transgênicas custa mais de 500 reais. Como ficaremos quando não houver mais nossas próprias sementes?”, indagou.

Do lado da cidade, o professor e cientista político Licério de Oliveira, da UnoChapecó, apontou que o caos urbano no transporte, moradia, segurança, saúde e educação só será resolvido com participação do cidadão consciente do seu papel. Por isso, recomendou a leitura do Estatuto das Cidades, que regulamenta a participação popular na gestão urbana.

— As pessoas precisam ler um pouco sobre o assunto, estudar, sentar e conversar para depois saber como agir —, sugeriu Oliveira. Para ele, a participação do cidadão esclarecido é a única forma de contraponto aos interesses econômicos que governam a cidade.

Padre Marlo Tessaro, Coordenador Diocesano de Pastoral, revelou que a realidade de Chapecó é marcada pela migração das cidades do Oeste, principalmente durante os anos 1980. “A periferia foi se moldando de maneira especial nesta área da Paróquia São Cristóvão, com a mão-de-obra das agroindústrias”. Segundo ele, hoje a cidade de Chapecó recebeu mais instituições de ensino superior e ampliou o setor de serviços, o que diversificou muito a população.

As comunidades católicas das duas paróquias de Chapecó já tem longa caminhada. A maioria celebra a Palavra semanalmente e missas uma vez por mês nas capelas.

O bispo diocesano dom Odelir José Magri pediu que os líderes considerem que o 12º Encontro Estadual das CEBs e Grupos de Reflexão e Família acontece no contexto de Ano Santo da Misericórdia e da Campanha da Fraternidade Ecumênica, que tem como tema “Casa comum: nossa responsabilidade”.

— Tenham presente isto. O que vamos viver o (encontro) estadual não é uma coisa isolada do mundo e da Igreja —, pontuou o dom Magri.

Ao citar a mensagem do papa Bento XVI para o Ano da Fé (2012), lembrou que o desafio da reevangelização dos católicos ainda permanece. “Nessa perspectiva, que esse encontro e essa caminhada de estilo de Igreja CEBs, nos ajude a diminuir o número de católicos e aumentar o de cristãos. Temos muitos católicos, precisamos ter mais cristãos”.