Foi divulgada na tarde de ontem, 27 de abril, segundo dia da 55º Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma mensagem do episcopado ‘Aos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil’, por ocasião do dia 1º de maio. A nota, que foi aprovada unanimemente por todos os bispos presentes na assembleia, trata do momento político pelo qual passa o Brasil e envia uma mensagem de ânimo e esperança aos trabalhadores brasileiros, em especial aqueles que na atual conjuntura vive o desemprego, e encoraja o povo à organização democrática e movimentações pacífica em defesa dos direitos dos trabalhistas.

Confira a nota na íntegra:

AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL

MENSAGEM DA CNBB

“Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (Jo 5,17)

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – SP, em sua 55ª Assembleia Geral Ordinária, se une aos trabalhadores e às trabalhadoras, da cidade e do campo, por ocasião do dia 1º de maio. Brota do nosso coração de pastores um grito de solidariedade em defesa de seus direitos, particularmente dos 13 milhões de desempregados.

O trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, constitui uma dimensão da existência humana sobre a terra. Pelo trabalho, a pessoa participa da obra da criação, contribui para a construção de uma sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que trabalha sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser coisificado. Ele é sujeito e tem direito à justa remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à qualidade de vida digna.

Ao longo da nossa história, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras pela conquista de direitos contribuíram para a construção de uma nação com ideais republicanos e democráticos. O dia do trabalhador e da trabalhadora é celebrado, neste ano de 2017, em meio a um ataque sistemático e ostensivo aos direitos conquistados, precarizando as condições de vida, enfraquecendo o Estado e absolutizando o Mercado. Diante disso, dizemos não ao “conceito economicista da sociedade, que procura o lucro egoísta, fora dos parâmetros da justiça social” (Papa Francisco, Audiência Geral, 1º. de maio de 2013).

Nessa lógica perversa do mercado, os Poderes Executivo e Legislativo reduzem o dever do Estado de mediar a relação entre capital e trabalho, e de garantir a proteção social. Exemplos disso são os Projetos de Lei 4302/98 (Lei das Terceirizações) e 6787/16 (Reforma Trabalhista), bem como a Proposta de Emenda à Constituição 287/16 (Reforma da Previdência). É inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade.

Irmãos e irmãs, trabalhadores e trabalhadoras, diante da precarização, flexibilização das leis do trabalho e demais perdas oriundas das “reformas”, nossa palavra é de esperança e de fé: nenhum trabalhador sem direitos! Juntamente com a Terra e o Teto, o Trabalho é um direito sagrado, pelo qual vale a pena lutar (Cf. Papa Francisco, Discurso aos Movimentos Populares, 9 de julho de 2015).

Encorajamos a organização democrática e mobilizações pacíficas, em defesa da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres.

Por intercessão de São José Operário, invocamos a benção de Deus para cada trabalhador e trabalhadora e suas famílias.

Aparecida, 27 de abril de 2017.

 

Dom Sergio da Rocha

Arcebispo de Brasília

Presidente da CNBB

Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ

Arcebispo São Salvador da Bahia

Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner

Bispo Auxiliar de Brasília

Secretário-Geral da CNBB

 
Terceiro dia da Assembleia Geral da CNBB

A realidade dos bispos eméritos será um dos assuntos tratados nesta sexta-feira, dia 28 de abril, dentro da programação da assembleia. Trata-se dos bispos que completaram 75 anos que é a idade limite para exercer o ministério episcopal, e apresentaram seu pedido de renúncia ao Papa. Ao todo, no Brasil, são 173 bispos eméritos do conjunto de 491 bispos. Nesta 55ª Assembleia Geral participam 51 bispos eméritos.

Outro assunto a ser aprofundado pelos bispos é um roteiro, organizado por uma comissão especial, que orientará a ‘Celebração da Palavra de Deus’ nas comunidades onde não há presença frequente de um padre. Caso de comunidades mais remotas, onde leigos e leigas assumem o desafio de manter a experiência da oração comunitária. Debates sobre a Comissão para a Amazônia e assuntos de liturgia também estão previstos na programação.

Com informações da Assessoria de Imprensa da CNBB