Entre os dias 24 a 26 de março de 2023 aconteceu a 3ª etapa da Escola de Fé e Cidadania Dom José Gomes. A Escola foi idealizada pela Comissão Pastoral para a Ação Sociotransformadora do Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Cáritas Brasileira Regional de Santa Catarina. Surge com o objetivo de contribuir na formação de cristãos e cristãs para a ação evangelizadora, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, à luz do Ensino Social da Igreja.
A 1ª etapa teve a assessoria Rosana Manzini, professora da PUC São Paulo, e foi estudado os princípios básicos do Ensino Social da Igreja e a relação Fé e Cidadania no Vaticano II, nos Documentos da Igreja na América Latina e no Brasil, na Bíblia e nos Santos Padres. Na liturgia a escola contou com a assessoria musical de Arnaldo Temochko que ajudar a celebrar o Ofício Divino das Comunidades e em outros momentos orantes.
Na 2ª etapa, Daniel Seidel trabalhou sobre cidadania, direitos humanos, civis, políticos e sociais nos últimos 50 anos, destacando a contribuição da Igreja. No campo da liturgia, Eurivaldo Ferreira (Euri) trabalhou o Ofício Divino das Comunidades para que os participantes pudessem compreender um pouco mais sobre este exercício.
Na abertura desta 3ª etapa, Lara Kathelen, Secretária Regional da Pastoral da Juventude, ressaltou: “A relação fé e vida é o centro da proposta metodológica da nossa Escola. Ouvir, estudar e confrontar com a realidade exige de cada um de nós a realização de ações de base, o que nos possibilitará esse olhar mais assertivo. Na 2ª etapa fomos provocadas/os a trazer respostas para essa etapa. Em especial, fomos provocadas/os a encantar a política, com encontros interdiocesanos que já foram realizados”. Diante disso, as dioceses apresentaram as atividades/tarefas da 2ª etapa que à luz dos conteúdos estudados, confrontaram a realidade, identificando e sinalizando os sinais dos princípios da Doutrina Social da Igreja, bem como as lacunas existentes.

O tema central da 3ª Etapa foi a “Metodologia para uma Análise de Conjuntura e Análise de Conjuntura Regional e Nacional Contemporânea”. Cleber César Buzatto, secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) de Santa Catarina, em sua fala questiona: “Onde encontramos o termo conjuntura? Já ouvimos falar: A conjuntura está nos atropelando. A conjuntura está nos desafiando. A conjuntura nos é adversa. Esta é a conjuntura mais difícil dos últimos anos. Temos de enfrentar a conjuntura. Precisamos analisar muito bem a evolução da conjuntura”.
Para Cleber,
“Analisar uma conjuntura é descortinar uma janela e reconhecer, através dela, quais os personagens que estão encenando uma determinada história. Qual a força real desses atores sociais? Quais os indivíduos, grupos, classes e quais seus interesses? Quais os objetivos que os mobilizam? Quais os interesses históricos e imediatos que estão em jogo, quais as regras do jogo e qual é a atuação de cada um sobre o tabuleiro da vida?”
“A análise da conjuntura é necessária sempre. Qualquer ação, individual ou coletiva, exige que seja pensada e programada. Isto serve para a ação político-eleitoral, para uma empreitada comercial, para um projeto industrial, assim como, para a ação pastoral”.
“Analisar constantemente a conjuntura é a tarefa número um dos agentes pastorais/sociais/políticos que se propõem a agir sobre a realidade, buscando a sua alteração”.
“É necessário conhecer a realidade onde estamos e saber para onde queremos ir, a fim de, agindo sobre esta realidade de modo mais assertivo, possamos alcançar os objetivos almejados”.
As Análises de Conjuntura Regional e Nacional Contemporâneas foram trabalhadas em grupos formados pelos participantes da Escola, no qual, destacaram que a maior mudança foi no campo político que influencia diretamente no social e econômico. Elencaram que o fato central foram as eleições: novo governo, mudança de postura, ruptura de modelo governamental.
Além das duas análises mais gerais, o grupo fez uma Análise de Conjuntura sobre a Mulher no Brasil, destacando pontos importantes dos dias atuais: Feminicídio em Santa Catarina aumentou 18%; trabalho e remuneração desigual no mesmo cargo; pouco envolvimento das mulheres na política; ausência da defensoria pública especializada; patriarcado ainda predominante; assédio físico e moral contra as mulheres em todos os ambientes.
Para a 4ª etapa, que acontecerá nos dias 22 a 24 de setembro de 2023, tendo como base os conteúdos estudados nas Etapas 1, 2 e 3, os participantes das dioceses deverão:
– VER: Refazer/Atualizar a Análise de Conjuntura no contexto da respectiva Diocese, partindo dos apontamentos feitos na tarefa de casa da Etapa 1 e considerando a metodologia trabalhada nesta Etapa 3.
– JULGAR/AGIR: Considerando os conteúdos estudados nas etapas 1 e 2 da Escola, especialmente os princípios da Doutrina Social da Igreja, bem como a análise de conjuntura retrabalhada, articular a construção de objetivos, metas e estratégia comuns de atuação das pastorais sociais na respectiva Diocese para um período de 02 anos.
Na Litúrgia a escola contou com a assessoria musical de Arnaldo Temochko, na qual ajudou os participantes a rezar o Ofício Divino das Comunidades e em outros momentos orantes.
Dom José Gomes

Durante a Escola de Fé e Cidadania, foi celebrado os 102 anos de nascimento de Dom José Gomes, nascido em Erechim-RS, no dia 25 de março de 1921. Foi ordenado padre em 1947. Em 25 de junho de 1961 foi ordenado Bispo de Bagé. Em 1968, tornou-se bispo na Diocese de Chapecó, onde assumiu dia 28 de outubro e exerceu seu serviço por 30 anos. Faleceu em 19 de setembro de 2002 (81 anos).
Dom José Gomes sempre esteve à frente das questões sociais. Durante o período da ditadura militar no Brasil lutou em defesa da liberdade. Foi o primeiro presidente nacional do Conselho Indigenista Missionário e presidente nacional da Comissão Pastoral da Terra. Em toda sua trajetória fez a opção preferencial pelos pobres, fazendo desta opção a sua vocação. Pe. Alcido L. Kunzler descreve: “A sua opção preferencial, clareada ao longo da vida, não lhe foi uma decisão fácil e como que “natural”. Foi realmente uma opção, no sentido de escolha consciente, entre duas direções! O Espírito Santo lhe mostrou uma “encruzilhada”. A sua “riqueza de Espírito” – essa sim, transmitida vivencialmente pela família – é que lhe ajudou nessa opção tipicamente evangélica, de escolher onde e com quem “gastar” sua vida. E isso não foi uma escolha “teórica”. Não foi uma opção “funcional”, simplesmente por ocupar a “função” de Bispo, num tempo de Concílio” (Texto retirado do site: www.diocesechapeco.org.br).
A Escola de Fé e Cidadania “Dom José Gomes” tem seu nome para homenageá-lo pelos trabalhos realizados na CNBB Sul 4.
Por CNBB Sul 4 | Fotos: Jaison Alves da Silva