A partir da aprovação do Documento 107 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – ‘Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos e missionários’, durante a 55ª Assembleia Geral da CNBB, a publicação de materiais e reflexões sobre a temática tem crescido muito entre os estudiosos da área em todo o país. É inegável que a Iniciação à Vida Cristã desperta os evangelizadores para a renovação da paróquia, especialmente nas pequenas comunidades, porções da grande paróquia que oferecem os melhores contextos para que o discípulo conheça o seu Senhor e o siga.

Primeiro contato do autor com sua publicação impressa pelas Edições CNBB. Foto: Arquivo pessoal/Edson De Bortoli

Dentro deste contexto de contato eficaz com a Iniciação à Vida Cristã a partir das experiências das pequenas comunidades, o seminarista da Diocese de Caçador, e então estagiário da paróquia Cristo Redentor, na cidade de Caçador (SC), Edson De Bortoli, resolveu colaborar, através de sua pesquisa de conclusão do curso de Bacharelado em Teologia pela Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC), com esse processo evangelizador e promissor em tempos de pós-modernidade. Seu texto foi publicado recentemente pelas Edições CNBB com o título ‘Pequenas Comunidades, Lugares De Iniciação à Vida Cristã’.

Em entrevista ao site CNBB Sul 4, Edson De Bortoli partilha um pouco da sua experiência com a Iniciação à Vida Cristã e sua importância para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

 

CNBB SUL 4 – Como surgiu a proposta de escrever sobre a Iniciação à Vida Cristã a partir das pequenas comunidades?

EDSON DE BORTOLI – A iniciação à vida cristã é uma dimensão da Igreja que me encanta. Gosto de trabalhar, buscar aprofundamento e de debater sobre temas relacionados a ela. Certo dia, numa conversa com padre Vilmar Gazaniga, atualmente coordenador das CEBs no Regional Sul 4 da CNBB e pároco da paróquia onde minha família reside(Fraiburgo-SC), cheguei a uma conclusão importante: “sem comunidade é impossível que a Iniciação à Vida Cristã aconteça!”.  Isso me motivou a pesquisar sobre a dimensão comunitária deste processo.

O que me levou a estudar especificamente sobre as pequenas comunidades foi minha experiência pessoal na comunidade São Brás – Papuã, Fraiburgo (SC), lugar onde cresci. Me pareceu que ela foi um espaço importante para que eu fosse educado na fé, principalmente por ela ser uma pequena comunidade, com cerca de 25 famílias. A pesquisa teórica e de campo exposta no livro acabou confirmando minha hipótese inicial: a de que as pequenas comunidades são, de fato, lugares de iniciação à vida cristã.

CNBB SUL 4 – De que forma a Iniciação a Vida Cristã tem sido trabalhada no Brasil?

EDSON DE BORTOLI – Penso que nunca a Igreja no Brasil discutiu tanto sobre a Iniciação à Vida Cristã como nos últimos anos. Grande parte de nossas dioceses têm estudado sobre o tema por meio de formações, cursos e outras iniciativas. Algumas delas têm sido mais ousadas ao buscar a implantação da Iniciação à Vida Cristã com inspiração catecumenal em suas comunidades.

Da mesma forma, muito se escreve e se produz sobre o tema “Iniciação à Vida Cristã”. A elaboração e publicação do Documento 107 da CNBB foi seguramente um marco para o processo de transmissão da fé no Brasil, uma vez que traz uma reflexão que norteia e dá base ao processo que devemos seguir quando falamos de Iniciação à Vida Cristã. Meu livro ampara-se no que é apresentado no Documento 107, enriquecido pelo que já se refletiu na Igreja, especialmente no que diz respeito ao âmbito comunitário da Iniciação à Vida Cristã.

CNBB SUL 4 – Qual a contribuição e reflexão trazida por sua publicação para a Ação Evangelizadora no âmbito da Iniciação a Vida Cristã?

EDSON DE BORTOLI – Considero a reflexão apresentada em meu livro importante, visto que ela articula duas das Urgências presentes nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora na Igreja do Brasil (2015-2019): a segunda (Igreja: casa de Iniciação à Vida Cristã) e a quarta (Igreja: comunidade de comunidades). A dimensão comunitária é fundamental para que o processo de Iniciação à Vida Cristã aconteça. Como se sabe, boa parte de nossas comunidades eclesiais estão fragilizadas e em crise. Esta crise precisa ao menos ser amenizada para que a iniciação aconteça. Ter a estruturação eclesial a partir das pequenas comunidades como paradigma é, como o livro demonstra, uma iniciativa importante para que a vida eclesial comunitária seja fortalecida.

CNBB SUL 4 – Dentro do seu processo formativo, e agora na vivência do Estágio Pastoral, qual a relevância do aprofundamento do processo de Iniciação a Vida Cristã? Colaborou?

EDSON DE BORTOLI – Gosto muito de estudar e refletir sobre a Iniciação à Vida Cristã. O fruto de minha pesquisa tem sido importante para mim em diversos âmbitos. Primeiro, porque me dá base para ajudar na organização da Iniciação à Vida Cristã na paróquia em que hoje atuo. A partir da minha reflexão, posso transmitir segurança aos catequistas e coordenadores de catequese que estão nas comunidades de meu campo de Estágio Pastoral. Além disso, consigo contribuir na implementação do projeto de Iniciação à Vida Cristã da Diocese de Caçador, especialmente na formação de nossas lideranças e na elaboração de materiais e itinerários.

CNBB SUL 4 – Gostaria de destacar algum detalhe da abordagem do livro?

EDSON DE BORTOLI – Destaco que a pesquisa que apresento no livro me deixa convencido que é preciso repensar a estrutura de nossas paróquias e valorizar a criação de pequenas comunidades. A verdade é que não são nas igrejas lotadas que os fiéis efetivamente participam da vida eclesial e sentem-se pertencentes ao grupo eclesial, mas sim nos pequenos grupos. A formação de pequenas comunidades, ou ao menos de grupos menores do que os que costumam ser formados, precisa ser valorizada, pois é nas pequenas comunidades que os fiéis se sentem membros integrantes da comunidade de fé.

O livro ‘Pequenas Comunidades, Lugares De Iniciação À Vida Cristã’, já está disponível para aquisição através do site oficial das Edições CNBB clicando aqui.