Em 2023, o livro bíblico escolhido para aprofundamento é a Carta aos Efésios, com a inspiração: “Vestir-se da nova humanidade!” (cf. Ef 4,24). Este texto-base procura explorar o sentido da unidade do Corpo de Cristo, que significa a vivência como filhos e filhas reconciliados com Deus, e assumir, no cotidiano, a vida nova experimentada no Batismo, individualmente e em comunidade.

No dia 08 de maio, na abertura do Seminário Bíblico para Animadores do Mês da Bíblia 2023, o arcebispo de Santa Maria (RS) e novo presidente da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leomar Antônio Brustolin, motivou a formação de “comunidades discipulares capazes de ser missionárias”.

O presidente da Comissão destacou ainda a importância de “rezar e refletir sobre essa temática da Carta aos Efésios em tempos de recuperar e valorizar mais a vida comunitária na fé cristã”.

“Precisamos formar comunidades discipulares capazes de ser missionárias e atrair outros para o seguimento de Jesus. Que o tempo deste seminário favoreça a formação de grupos, de comunidades ligadas à Palavra. É tempo de fortalecer o seguimento de Jesus Cristo numa vivência cada vez maior e mais fecunda da Palavra de Deus. Que tudo o que nós estamos realizando possa nos unir em um corpo, em uma família que escute a voz do Senhor que nos fala pela sua Palavra”, motivou. (Site CNBB).

Nas atuais Diretrizes da Ação Evangelizadora da CNBB (2019-2023), a imagem bíblica escolhida é a da casa. Ela nos oferece a ideia do lar, da acolhida, do pertencimento, do amor como único caminho para a comunhão e das portas abertas para entrar e ir em missão. Nossas comunidades são chamadas a ser espaço de escuta da Palavra, de encontro, de ternura e de solidariedade; são o lugar da família, com suas portas abertas.

O primeiro pilar é a Palavra. A escuta da Palavra pede conversão da vida, configuração a Cristo, num encontro pessoal e comunitário sempre renovado, no caminho da Iniciação à Vida Cristã. O encontro com a Palavra muda a vida e dá sentido ao ser e agir de quem é cristão, corrige posturas e forma no modo de ser, de pensar e de agir de Jesus Cristo.

O segundo pilar é o Pão, a liturgia e a espiritualidade. A Palavra conduz à Eucaristia, alimenta a espiritualidade e compromete o diálogo cotidiano com o Senhor na oração. Os cristãos formam uma casa de batizados orantes.

O terceiro pilar é a Caridade. A Palavra conduz ao serviço à vida plena; o amor preferencial pelos pobres, como o fez Jesus, é consequência de uma vida de amizade, uma fé madura e uma oração intensa. As questões sociais devem ser assumidas por todos os batizados, com todos os seus desafios. É o anúncio que passa pelo testemunho.

O quarto pilar é a Missão. É a própria Palavra que nos impele para os irmãos: é a Palavra que ilumina, purifica e converte; nós somos apenas servidores. Cada comunidade é desafiada a encontrar caminhos práticos para que todos os cristãos vivam a missionariedade, ou seja, a Igreja nunca terá concluído sua tarefa missionária!

Assim sendo, o discípulo missionário viverá sempre da Palavra. Como não entendemos a missão como uma simples função, não se trata de fazer algo unicamente; é imprescindível que o missionário esteja sempre na escuta da Palavra. Assim se expressou o Papa emérito Bento XVI: “A missão da Igreja não pode ser considerada como realidade facultativa ou suplementar da vida eclesial. Trata-se de deixar que o Espírito Santo nos assimile a Cristo, participando assim na sua própria missão: ‘Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós’ (Jo 20,21), de modo a comunicar a Palavra com a vida inteira”.

 

Por Dom Odelir José Magri, MCCJ - Bispo da Diocese de Chapecó