Um abraço solidário ao Terminal Rodoviário Rita Maria marcou o Grito dos Excluídos, dia 7, em Florianópolis. O ato comemorou a instalação do Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes e Refugiados (Crai), de responsabilidade da Pastoral do Migrante em um convênio entre os governos federal e estadual. 

Será oferecido acolhimento e atendimento especializado, como suporte jurídico, apoio psicológico e social. Também serão oferecidos cursos e oficinas de qualificação profissional.

Imigrantes, agentes da Pastoral do Migrante e ativistas de mais de vinte entidades parceiras percorreram de mãos dadas as áreas de embarque e desembarque da rodoviária para simbolizar o abraço.

— Este abraço simbólico é para celebrar a conquista do Crai. Nós que estamos aqui, temos que conversar com a sociedade para que ela também abrace causa dos imigrantes —, motivou Fernando Anísio Batista, funcionário da Ação Social Arquidiocesana.

De acordo com Tamajara Janaina Luiz da Silva, antropológica da pastoral, o Crai nasceu da pressão das organização sociais que entenderam que a principal demanda é implicação do poder público com a temática migratória.

— O Crai nasce justamente de uma pressão muito grande. Em primeiro lugar o GAIF (Grupo de Apoio os Imigrantes Refugiados da Grande Florianópolis) e depois Grupo de Trabalho de Apoio ao Imigrante, vinculado à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. Ele nasce de uma construção coletiva, é fundamental sempre fazer essa referência. —, pontuou a antropóloga.

A parceria com o governo significa mais espaço e mais pessoal. Hoje, em média, 70 pessoas são atendidas diariamente em uma sala de 18 metros quadrados na Igreja da Prainha por um funcionário e cinco voluntários. Na rodoviária, duas áreas que variam de 120 a 160 metros quadrados, estão sendo preparadas para que cinco funcionários realizem os atendimentos a partir de, provavelmente, novembro.

— Hoje, precisamos fazer entrevistas com o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) via Skype em uma sala reservada, que a gente não tem, então arrumamos a sacristia. Não temos espaço para o psicólogo atender adequadamente as pessoas —, contou Joaquim Roque Filippin, coordenador da pastoral.

Segundo ele, apesar do financiamento estatal, o serviço continua com a mística pastoral e sem compromissos políticos. “Queremos a humanização do atendimento e promoção humana”.

Atualmente, a Pastoral do Migrante já auxilia nos processos de regularização migratória, os acordos com o Mercosul, os acordos de residência temporária ou permanente, os processos de renovação de passaporte, de solicitação de refúgio. Também fazem os currículos, ajuda na busca de trabalho, e oferece cursos de capacitação e atividades culturais.

A Assistente Social Flávia de Brito Souza, pontuou que “o propósito é trabalhar com uma equipe multidisciplinar visando, de fato, o acesso a tudo que as pessoas precisam para estar aqui, transitoriamente ou não”. Além disso, a nova equipe visa conscientizar os imigrantes e da sociedade em geral para que eles se sejam parte da sociedade.

— Eu já fui imigrante em Portugal. Ser taxada de imigrante a todo momento é algo que machuca bastante. Temos que ser resilientes e mostrar que somos pessoas que podem fazer a diferença dentro da sociedade —, explicou.