Desde o último dia 26 de julho, bispos do Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que abrange todo o estado de Santa Catarina, publicaram notas se manifestando contrários à Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 442/2017 (ADPF 442). Nas mensagens, os bispos reafirmaram a posição da Igreja sobre o aborto e convocou a todos os cristãos a oração e ações em defesa da vida.

Em nota escrita pelo bispo de Caçador e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, dom Severino Clasen, diz que enquanto a sociedade se omite no seu dever de cuidar e criar alternativas para que a mulher se encante com o seu dom de gerar, políticos e grupos tendenciosos, que não tem compromisso com a dignidade, com a ética, com a fé e com o princípio inalienável do cuidado e do acolhimento, estão interessado em aprovar leis para matar nascituros, em vez de somar para dignificar a vida humana, a começar pelos mais frágeis e indefesos, e proteger a mulher quando é agredida, abusada, instrumentalizada e feita objeto. “A vida é um dom precioso que merece todo o cuidado e proteção. Assassinar a vida que não tem defesa é ato de violência, pecado que agride o coração de Deus, o criador da vida”, ressaltou dom Severino.

Já o bispo de Joinville (SC), dom Francisco Carlos Bach, escreveu: “Em unidade com toda a Igreja, por fidelidade a Jesus Cristo, conclamo a todas as pessoas de boa vontade, a unirem-se na oração e na promoção de atividades em prol do respeito à dignidade de todo ser humano, desde a sua concepção. Ao mesmo tempo, deve-se reconhecer a dignidade das mulheres, principalmente daquelas mais vulneráveis. Porém, a exemplo do que já afirmaram os bispos do Brasil, em 11 de abril de 2017, o aborto jamais poderá ser considerado um direito de uma mulher ou de um homem, sobre a vida do nascituro”.

O bispo de Chapecó, dom Odelir José Magri, manifestou em nota que o direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer outro, deve ser protegido e promovido. “Ele é um direito intrínseco à condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e defendê-lo”.

Dom Rafael Biernaski, bispo de Blumenau (SC), disse em nota que “a partir da Lei Natural, de nossa Fé Cristã Católica e diante da própria consciência, que qualquer atentado à vida, seja ela social, moral, físico, etc… é abominável. Dom Rafael ressaltou ainda, que, “Católicos que somos, mantemos vivo o ‘Desejo de Família’, e não nos deixamos abater’.

Em diversa ocasiões, o papa Francisco também falou de modo aberto e contundente sobre o tema. Relembre abaixo cinco delas:

1. “É nazismo com luvas brancas”

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Em 18 de junho de 2018 o papa Francisco, disse que o aborto, em alguns casos, é o ‘nazismo com luvas brancas’. Dois dias depois da aprovação do Projeto de Lei de interrupção voluntária da gravidez pela Câmara dos Deputados na Argentina, o Pontífice reagiu à derrota que sofreu em seu país de origem com declarações fortes.

2. Luta contra injustiça e tão importante quanto lutar contra o aborto

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“Lutar contra injustiça é tão importante quanto combater ao aborto”, pontuou o papa no dia 9 de abril de 2018. No documento Galdete et exultate, Francisco critica católicos que relativizam os ensinamentos sociais da Igreja.

3. Discurso a ginecologistas católicos

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Em 29 de setembro de 2013, Francisco discursou: “Entre estes seres frágeis, de que a Igreja quer cuidar com predileção, estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir. Muitas vezes, para ridiculizar jocosamente a defesa que a Igreja faz da vida dos nascituros, procura-se apresentar a sua posição como ideológica, obscurantista e conservadora; e no entanto esta defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano”.

4. Exortação apostólica Evangelii Gaudium

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Em 24 de novembro de 2013, o Santo Padre ressaltou que “Infelizmente, objeto de descarte não são apenas os alimentos ou os bens supérfluos, mas muitas vezes os próprios seres humanos, que acabam ‘descartados’ como se fossem ‘coisas desnecessárias’. Por exemplo, causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto”.

5. Discurso aos membros do corpo diplomático

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Em 13 de janeiro de 2014, o apa afirmou: “Nos dias de hoje, para a economia que se implantou no mundo, onde no centro se encontra o deus dinheiro e não a pessoa humana, o resto é ordenado a isso, e o que não faz parte desta ordem é descartado. Descartam-se os filhos que são a mais, que incomodam ou que não é oportuno que nasçam… Os bispos espanhóis falaram-me, recentemente, sobre o número de abortos, e eu fiquei petrificado.”, espantou-se Francisco.

Leia as notas dos bispos catarinenses que se pronunciaram sobre a ADPF 442 clicando aqui.

CNBB Sul 4 com informações do Portal A12.