Desde a aprovação das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja em Santa Catarina 2020-2023, o Grupo de Reflexão Pastoral da CNBB Sul 4 apresentou como proposta o estudo aprofundado através de análises de conjunturas eclesiais e sociais cada ponto do objetivo geral do documento: 

Objetivo Geral da Ação Evangelizadora da Igreja em Santa Catarina:

“Evangelizar, no contexto catarinense cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidade eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude.”

Pe. Alfredo José Gonçalves, CS/Arquivo pessoal.

Com a assessoria do padre Alfredo José Gonçalves, CS, missionários Scalabriniano e membro da coordenação nacional do Serviço Pastoral do Migrante, neste segundo dia da 53ª Assembleia Regional de Pastoral, os participantes fizeram uma reflexão sobre o eixo da ‘evangélica opção preferencial pelos pobres’. O padre fez um percurso da história do povo de Deus e a ligação do projeto salvífico e o comprometimento com os pobres.   

“A Palavra de Deus sempre aponta para os rostos pobres que precisam ser priorizados. Israel fez a experiência do Egito, os profetas recordaram esta experiência e Jesus a retoma não apenas em sua vida pública, mas também em suas ações”, afirmou o padre. Padre Alfredinho, como é conhecido, continuou sua fala destacando que “Jesus não é apenas um profeta itinerante, ele se faz itinerante para ir ao encontro dos rostos pobres. Jesus traz os personagens excluídos para o centro e é a partir daí que o Reino de Deus se manifesta”.

O lugar do pobre

De acordo com padre Alfredo, a concretização do Reino se dá nas experiências de periferias, em ambientes esquecidos pela sociedade que ele chama de ‘não lugar’. “O ‘não lugar’ onde vivem os pobres é o lugar privilegiado para lançar as raízes do ‘novo lugar’. Nestes lugares somos convidados a, como o exemplo de Jesus, ter compaixão das multidões abatidas. Quem tem compaixão está junto nos momentos limites. Ter compaixão não é dar coisas, é dar-se”, disse.

Os rostos pobres

Padre Alfredo destacou ainda que “dados do IBGE apontam que hoje o Brasil possui mais de 15 milhões de pessoas desempregadas e cerca de 35 milhões de pessoas trabalhando informalmente. Cerca da metade da população brasileira vive algum tipo de insegurança alimentar. São homens, mulheres, famílias, sem dignidade humana”

Todos estes dados, agravados pela pandemia de Covid-19, apontam para a atenção que já evidenciava o Documento de Aparecida, aprovado pela V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americanoo e do Caribe:

“A globalização faz emergir, em nossos povos, novos rostos pobres. Com especial atenção e em continuidade com as Conferências Gerais anteriores, fixamos nosso olhar nos rostos dos novos excluídos: os migrantes, as vítimas da violência, os deslocados e refugiados, as vítimas do tráfico de pessoas e sequestros, os desaparecidos, os enfermos de HIV e de enfermidades endêmicas, os toxicodependentes, idosos, meninos e meninas que são vítimas da prostituição, pornografia e violência ou do trabalho infantil, mulheres maltratadas, vítimas da exclusão e do tráfico para a exploração sexual, pessoas com capacidades diferentes, grandes grupos de desempregado/as, os excluídos pelo analfabetismo tecnológico, as pessoas que vivem na rua das grandes cidades, os indígenas e afro-americanos, agricultores sem-terra e os mineiros. A Igreja, com sua Pastoral Social, deve dar acolhida e acompanhar essas pessoas excluídas nas respectivas esferas.” (DAp, n. 402)