A Igreja vivenciou e vivencia momentos especiais em sua história milenar. Decorridos os dias da vacância, segundo as normas da Igreja, os Cardeais eleitores, reunidos no Conclave, escolheram o Cardeal Robert Francis Prevost como novo Papa que adotou o nome de Leão XIV. O Senhor Jesus, no início de sua missão, depois de ter rezado ao Pai, constituiu doze Apóstolos para que estivessem com Ele e para mandar-lhes pregar o Reino de Deus e para expulsar demônios. Os doze foram queridos por Jesus como um Colégio indiviso, tendo Pedro como cabeça, e como tal cumpriram a sua missão, começando por Jerusalém (cf. Lc 24,46), e depois, como testemunhas diretas da sua ressurreição em relação a todos os povos da terra (cf. Mc 16,20).

Dentre os apóstolos, Jesus escolheu Pedro para ser a referência humana, o fundamento sacramental do ministério sacerdotal e a personificação da missão na condição de “vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja”. No seguimento do Mestre, ele revelou fragilidade e fraquezas, como a negação de que conhecia Jesus, julgado, injustamente, pelas autoridades religiosas e políticas (cf. Mt 26,69-75). Apesar disso, Jesus confiou em Pedro; em vista da missão de cuidar do rebanho do Senhor, como Bom Pastor, conscientizou-o a respeito da necessidade de afirmação incondicional de seu amor, de sua fidelidade (cf. Jo 21,15-17).

A Igreja Católica considera São Pedro – Simão Pedro, um dos 12 apóstolos de Jesus – o primeiro Papa da história. A história da Igreja, desde Pedro ao presente momento, registra a existência de 267 Papas. “Papa é a designação dada ao chefe supremo da Igreja Católica Romana, também conhecido como Sumo Pontífice, Santo Padre ou Bispo de Roma.

Por ser oportuno, convém esclarecer o significado e o uso histórico da palavra Papa: “Etimologicamente, a palavra ‘papa’ se originou diretamente a partir do latim pappa, que pode ser traduzido como uma forma carinhosa de ‘papai’ ou ‘pai’.” “Desde o início do século III, o termo ‘papa’ era utilizado como uma expressão de veneração afetuosa, tanto para o Bispo de Roma, quanto para os outros bispos do  Ocidente.”. “Existem diversas interpretações sobre o significado e a aplicação do título, dentre elas que ‘papa’, onde cada letra corresponderia a uma palavra: Petri Apostoli Potestatem Accipiens (‘o que recebe o poder do apóstolo Pedro’); ou ainda Petrus Apostolus Princeps Apostolorum (‘Pedro Apóstolo, Príncipe dos Apóstolos’). Também foi proposta como origem a união das primeiras sílabas das palavras latinas Pater (‘Pai’) e Pastor (‘Pastor’).” O Papa também é conhecido/chamado por seus títulos: Vigário de Cristo, Bispo de Roma, Servo dos servos de Deus.

Teologicamente, o Papa é sucessor de Pedro. Assim, em razão do instituto da sucessão apostólica, os três primeiros sucessores de Pedro foram Lino, Anacleto e Clemente I; por sua vez, cada bispo é sucessor de um dos apóstolos. Por essa razão, graças à assistência do Espírito Santo, não há na Igreja registro de interrupção da sucessão apostólica. Portanto, à exceção de Pedro, cronologicamente cada Papa, na condição de sucessor de Pedro, teve um antecessor do qual, portanto, é sucessor imediato. Neste caso, o Papa Leão XIV é o sucessor do Papa Francisco.

O brasão é um “símbolo oficial do pontificado”, e o lema exprime a linha norteadora do ministério, revela o estilo de vida de cada Papa. O lema do Papa Leão XIV – “In illo uno unum” – é uma expressão de Santo Agostinho, assim traduzida: “No uno, somos um” – “Em um só, somos um” – “Naquele único, somos um”.

A eleição do Papa Leão XIV é mais uma confirmação de uma verdade da fé católica: o Espírito Santo inspira, ilumina, assiste e guia a Igreja. Os Cardeais, com olhar eclesial, levaram em consideração o bem maior do povo de Deus, no processo de votação que se revelou significativa na brevidade da escolha e na convergência em torno de um nome que, no meio eclesiástico e na mídia, não se destacava entre os principais papáveis. Como diz o povo, “Deus sabe o que faz”!

(Fonte - vaticans news) Por Dom Odelir José Magri, MCCJ - Arcebispo de Chapecó | Foto: FotoPrint