A Pré-COP Sul começa seus trabalhos com uma oração focada na crise do Rio Grande do Sul e na responsabilidade com a Casa Comum, celebrando a esperança
Em 19 de julho, em Governador Celso Ramos, Santa Catarina, a Pré-COP Sul deu início às suas atividades com um momento de oração focado na situação do Rio Grande do Sul. Este encontro, que serve como preparação para a COP30, acontece de 17 a 20 de julho de 2025 e integra o projeto “Igreja Rumo à COP30”. A iniciativa é da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que, nesta Pré-COP Sul, reúne os regionais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O momento de oração trouxe à memória a situação do Rio Grande do Sul, que em 2024 enfrentou uma de suas maiores catástrofes socioambientais, com enchentes devastadoras que afetaram 478 das 497 cidades do estado. Representantes do Regional Sul 3 da CNBB apresentaram a bandeira do estado com as marcas da lama, simbolizando os desafios que a população gaúcha enfrenta, enquanto a música “Planeta Azul” era ouvida.
A cerimônia prosseguiu com a proclamação do evangelho de Mt 25, 31-46, que narra a parábola do Juízo Final. Essa passagem bíblica descreve o julgamento das pessoas com base em suas ações de serviço aos outros. O grupo de mística ressaltou a responsabilidade individual e coletiva em relação à Casa Comum, um chamado à consciência sobre fé e vida, a interconexão entre as ações humanas e o meio ambiente.
Os participantes foram convidados a compartilhar palavras de esperança, embaladas pela canção de Zé Vicente “Eu quero ver, eu quero um sonho bom”. A melodia, repleta de esperança e sonhos, foi um convite para sonhar juntos, sonhar rápido e sonhar em mutirão.
O momento foi encerrado com o “Pai Nosso dos Mártires”, uma composição de Cireneu Kuhn de 1986. Essa canção é uma versão da oração tradicional do Pai Nosso que reflete a realidade das populações na América Latina, especialmente em contextos de luta por justiça socioambiental.
Sua criação foi diretamente inspirada pela morte do Padre Ezequiel Ramin. Em 1985, ele foi assassinado em Cacoal, Rondônia, na Amazônia brasileira. Padre Ezequiel retornava de uma missão de paz quando sofreu uma emboscada, sendo morto por conta de seu trabalho na defesa dos povos indígenas e dos mais pobres, especialmente seu compromisso com os sem-terra.
A atuação do Padre Ezequiel na região era marcada por sua dedicação à justiça social. Ele não apenas evangelizava, mas se engajava ativamente nas lutas por terras e pelos direitos básicos das comunidades. Esse compromisso o colocou em rota de colisão com interesses poderosos, culminando em seu martírio e no surgimento de uma canção que se tornou um hino de resistência e esperança.
Matéria: Osnilda Lima | Foto: Franklin Machado | Ascom Pré-Cop Sul