Nos dias 5 e 6 de julho, a Pastoral Carcerária da Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB) promoveu sua III Romaria Nacional ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo, durante o Ano Jubilar da Esperança. O encontro reuniu cerca de 500 agentes e apoiadores de mais de 20 estados, todos vestidos de verde e branco ― símbolo da esperança e da missão evangelizadora da Pastoral. Da CNBB Sul 4 estiveram presentes em torno de 50 representantes da Pastoral Carcerária Estadual.

Uma profecia de fé e protesto

Desde o início, no sábado (5), a romaria tomou um caráter profético e contundente. Em coro e oração, os agentes partilharam suas experiências nos presídios brasileiros, denunciando a violência, a superlotação e a cultura punitiva vigente, propondo a dignidade e a justiça restaurativa como resposta cristã.

Encontro com os peregrinos da esperança

A programação foi com momentos de oração, partilha e, especialmente, a missa presidida pelo arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, que coincidiu com o 51º aniversário de sua ordenação presbiteral. Concelebrada por Dom Henrique Aparecido, referencial da Pastoral Carcerária Nacional, a celebração reforçou que a missão de visitar os “Jesus encarcerados” concretiza o mandamento de Mateus 25,36: “Estive preso e foste me visitar”.

Durante sua homilia, Dom Orlando exaltou a vocação de cada agente:

“Devemos evangelizar o mundo inteiro; cada batizado é um missionário… como faz a Pastoral Carcerária, que entra nas prisões para levar o Evangelho às periferias existenciais”.

Centralidade da coordenação nacional

A coordenadora nacional, Irmã Petra Silvia Pfaller, destacou o caráter missionário da romaria:

“Queremos agradecer e louvar a Deus aqui na Casa da Mãe pela missão bonita que tanta gente assume, essa vocação de entrar no cárcere e visitar o Jesus encarcerado”.

Ela também lembrou a importância de plantar esperança, especialmente neste Ano Jubilar: “A Pastoral Carcerária é um sinal de esperança, de transformação, um sinal de Deus misericordioso…”

Símbolos de fé e compromisso

Um momento marcante foi a entrega da Imagem Peregrina de Nossa Senhora Aparecida à Coordenação Estadual de São Paulo, que levará a imagem às unidades prisionais, iniciando um itinerário que passará também por dioceses do Regional Sul 4. A passagem pela Porta Santa no Santuário simbolizou a reconciliação, a renovação da esperança e o compromisso da Igreja em estar presente onde a liberdade foi negada.

Igreja em saída: solidariedade que transforma

A III Romaria Nacional recupera o espírito da “Igreja em saída”, cultivado pelo Papa Francisco, na prática concreta da solidariedade com quem cumpre pena. A Pastoral Carcerária reafirma sua missão: visitar os presos, apoiar as famílias, denunciar injustiças e promover uma sociedade mais humana.

O encontro deixou clara a urgência de novos agentes vocacionados. Como bem observou Irmã Petra, “faltam pés dispostos a caminhar até o Cristo encarcerado”. Esta romaria mostrou que não há caminho mais profundo de amor ao Evangelho do que “ser presença onde a liberdade foi negada”.

Matéria: Juliano Borsoi | Fotos cedidas pela Pastoral Carcerária