1º Dia – Domingo de Ramos: Jesus entra em Jerusalém e vai ao Templo, aclamado pelo povo como o “Bendito o que vem em nome do Senhor”, montado num jumentinho que nunca havia sido montado, enquanto o povo estende seus mantos e outros quebram ramos para enfeitar a estrada por onde Jesus iria passar. Todos, cheios de alegria, gritam, louvam e glorificam a Deus com hosanas ao Filho de Davi. Jesus é repreendido pelos fariseus, que haviam se infiltrado no meio da multidão, pedindo que mandasse o povo se calar. Jesus responde: “Se eles se calarem, as pedras gritarão”.
2º Dia: Na casa de Marta, Maria e Lázaro é oferecido um jantar a Jesus e seus discípulos. Lázaro, seu amigo, que havia sido ressuscitado após quatro dias enterrado, está sentado à mesa junto de Jesus. Marta serve os convidados, enquanto Maria compra um perfume de nardo, unge os pés de Jesus e os enxuga com os cabelos, enchendo a casa inteira com o perfume do bálsamo. Judas Iscariotes reclama com Jesus por causa do desperdício de trezentas moedas de prata com um perfume tão caro, dizendo que com esse dinheiro seria possível ajudar os pobres. Ele dizia isso porque era o “tesoureiro” do grupo dos apóstolos. Jesus diz que é para deixar Maria continuar, porque “pobres sempre tereis entre vós, enquanto a Ele não”. Muita gente, mesmo de Jerusalém, tinha ido à casa de Marta e Maria para ver Lázaro, agora redivivo. Os sumos sacerdotes decidiram matar Jesus e também a Lázaro, porque muitos começaram a acreditar em Jesus depois dele ressuscitar Lázaro.
3º Dia: (hoje) Jesus está à mesa com os discípulos (os doze) para a Ceia. Fica profundamente comovido e declara: “Um de vós há de me entregar”. Isso deixa os doze totalmente inquietos, pois não sabem quem será. Pedro faz sinal para que João pergunte quem é, e Jesus lhe diz: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado ao molho”. Jesus faz isso e o entrega a Judas Iscariotes, dizendo-lhe: “O que tens a fazer, executa-o logo”. Ninguém compreendeu o que Jesus quis dizer, pois, como Judas era o “tesoureiro”, pensaram que Jesus o havia mandado comprar o que seria necessário para a Festa da Páscoa. Jesus diz que “agora o Filho do Homem será glorificado por Deus”. Depois declara que “só ficará mais um pouco de tempo com eles, porque para onde Ele vai, eles não poderão segui-lo agora, mas mais tarde”. Simão Pedro diz que vai seguir Jesus e dar sua vida por Ele. Jesus responde: “O galo não cantará antes que me negues três vezes”.
4º Dia: Judas Iscariotes vai aos sumos sacerdotes e lhes pergunta quanto lhe pagarão para que ele entregue o Mestre Jesus. Combinam trinta moedas de prata, e Judas procura uma oportunidade para entregar Jesus nas mãos dos sumos sacerdotes para ser assassinado.
Os discípulos perguntam, na véspera dos Pães Ázimos, onde Jesus quer celebrar a Páscoa. Jesus indica a casa de um certo homem, e eles vão preparar tudo. Jesus se põe à mesa e diz: “Um de vós me há de trair”, e anuncia que “o Filho do Homem vai morrer, e melhor teria sido que aquele que o vai trair não tivesse nascido”. Judas pergunta a Jesus: “Por acaso serei eu?”, e Jesus responde: “Tu o dizes”.
Descrevi todo esse itinerário para termos clareza de que o assassinato de Jesus não foi um descuido ou um acidente de percurso, mas algo bem planejado e arquitetado pelos sumos sacerdotes e seus colegas de autoridade do Templo. Por isso, insisto para não mais usarmos o eufemismo: “Jesus morreu na cruz”, como se fosse algo natural, mas digamos com todas as letras: “Jesus foi assassinado na cruz”.
Por Dom Guilherme Antonio Werlang, MSF, bispo da diocese de Lages | Foto: Jaison Alves da Silva