Como cristãos, estamos plenamente convencidos de que Jesus Cristo é nosso único Senhor e Salvador. Apesar desta convicção, muitas vezes esquecemos que um caminho fundamental para se encontrar com nosso Senhor é através da Bíblia. Renovar o interesse pela Palavra de Deus é nossa meta. 

É inegável que, desde o Vaticano II, a Igreja tem dado um grande impulso aos estudos bíblicos e à pastoral bíblica nas comunidades cristãs. Merece destaque o Sínodo realizado em Roma, em outubro de 2008, que abordou o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. Na sua mensagem final, afirma que a Bíblia é o caminho para encontrar-se com Deus. Este, na criação do mundo, apresenta-se como voz divina e “amorosamente, oferece sua graça, sua aliança, sua salvação”. Em Jesus Cristo, a Palavra de Deus mostra o rosto divino “que revela à humanidade o sentido pleno e unitário da Sagrada Escritura”. A Palavra de Deus tem uma casa, a Igreja, lugar e meio através do qual se apresenta à humanidade e na qual se inserem outras Igrejas e comunidades cristãs que veneram e amam a Palavra divina. Por fim, o Sínodo diz que a Palavra de Deus quer percorrer os caminhos do mundo, quer entrar nas famílias, nas escolas e nos âmbitos culturais. 

O papa São João Paulo II, em 1997, no encerramento da Assembleia dos Bispos da Conferência Episcopal Italiana, apontou as razões da nossa atenção, contínuo uso e amor à Sagrada Escritura: “Nela encontramos os princípios doutrinais e as vias pastorais mais apropriadas, para fazer com que o encontro com o Livro Sagrado mantenha a sua intrínseca qualidade de escuta da Palavra de Deus, seja uma aproximação exegeticamente correta, se torne fonte de vida espiritual, anime e revigore toda a ação pastoral, guie e sustente o diálogo ecumênico, manifeste a grande riqueza também humana e cultural, que brota da Bíblia e tem produzido maravilhosos frutos de civilização na Itália e também em muitas outras nações”. 

Na diocese de Joinville, o Plano de Pastoral para o decênio 2023-2033 compromete-se, no pilar da Palavra, a proporcionar formação bíblica, leitura orante da Palavra de Deus, Iniciação à Vida Cristã e fortalecer os Grupos Bíblicos de Reflexão – GBR. Ou seja, colocar a Bíblia na mão do Povo de Deus, a fim de conduzi-lo ao encontro com Cristo, a Palavra Encarnada, através da meditação, oração e liturgia. Deste modo, as comunidades paroquiais e religiosas, as pastorais e os movimentos eclesiais, as famílias e os jovens poderão experimentar a condescendência amorosa de Deus Pai que, mediante a Sagrada Escritura, manifesta a natureza de seu Filho unigênito e o seu desígnio de salvação para cada pessoa. 

Constatamos que houve grande valorização da Palavra de Deus em nossa Igreja, contudo há ainda numerosos fiéis que não tem a Bíblia em seus lares. Muitos a tem, mas não a valorizam na sua justa medida. Convém recordar a frase de São Jerônimo: “Ignorar as Sagradas Escrituras, com efeito, significa ignorar Cristo”. Nossa missão de trabalhar para que a Escritura Sagrada seja compreendida e acolhida na plenitude de sua verdade é árdua, porém soam em nossos ouvidos as palavras de São Paulo: “Anunciar o evangelho… é uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não evangelizar” (cf. 1Cor 9,16). 

Coloquemos todos os nossos projetos no coração de Maria, mãe da Igreja e nossa mãe, e unidos em Cristo Jesus, realizemos com confiança a missão que nos espera. O Senhor a todos abençoe.

 

Por dom Francisco Carlos Bach | Bispo da diocese de Joinville