“A humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes.”
(Papa Francisco)
Prezados eleitores e eleitoras!
As eleições municipais deste ano de 2024 são um momento oportuno para o exercício da democracia. No próximo dia 6 de outubro, iremos às urnas para escolher aqueles e aquelas que estarão à frente do Poder Executivo (prefeito e vice-prefeito) e do Poder Legislativo (vereadores) de nossos municípios.
O Papa Francisco nos convida a “revalorizar a política, que é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum” (Fratelli Tutti, n. 180). Portanto, encorajamos os membros de nossas comunidades que têm vocação para a atuação política direta a se disporem à candidatura, motivados pelo espírito de serviço ao bem comum, mantendo a adesão ao projeto de Jesus Cristo e o precioso sentido de pertença à sua comunidade de fé.
Como cristãos, temos o compromisso de acompanhar os candidatos e orientar os eleitores para o legítimo exercício democrático. Somos todos responsáveis pela construção de uma sociedade mais justa, ética e igualitária. É preciso estar atento e fazer valer as leis que combatem a corrupção eleitoral, especialmente aquelas relacionadas à compra de votos e ao uso indevido da máquina administrativa, como a Lei 9840/1999 e a Lei 135/2010, conhecida como “Lei da Ficha Limpa”, que torna inelegível quem tenha sido condenado em decisão proferida por órgão judicial.
As eleições municipais têm uma importância particular pela proximidade dos candidatos e candidatas com os eleitores, bem como com suas preocupações mais concretas, por exemplo, a educação de qualidade para as crianças e adolescentes, um sistema público de saúde eficiente e acessível a todos, segurança, moradia digna e acessível à população de baixa renda, o cuidado com o meio ambiente – nossa casa comum -, estradas, entre outras questões.
Para dar uma devida resposta a essas preocupações que nos desafiam e inquietam, é necessário identificar e escolher bem os candidatos e as candidatas. Dos prefeitos municipais espera-se uma conduta ética nas ações públicas, nos contratos assinados, nas relações com os demais agentes políticos e com os poderes econômicos. Dos vereadores requer-se uma ação correta de fiscalização e de legislação que não passe pela simples identificação com a bancada de sustentação ou de oposição ao Executivo.
O equilíbrio e a complementariedade entre os poderes Legislativo e Executivo são indispensáveis para a consolidação da democracia e o avanço da justiça social nos municípios. Portanto, deve-se dar igual atenção à escolha do prefeito e dos vereadores, pois ambos devem colocar afetiva e efetivamente o bem comum acima de seus interesses pessoais ou corporativos. É importante verificar a história, conhecer as trajetórias e o passado de quem pede o nosso voto. Infelizmente, as mentiras, hoje potencializadas pela internet, têm a capacidade de mudar a vontade do voto popular.
Prezado eleitor e eleitora, não permita que a mentira determine seu voto.
Outro cuidado fundamental é repudiar quaisquer atitudes de violência e divisão. Diante do clima e da realidade de polarização que vivemos, vale recordar que o Papa Francisco propõe um caminho alternativo ao ódio: a humildade e a ternura. Ele argumenta que estas não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam maltratar os outros para vencerem ou se sentirem importantes (Evangelii Gaudium, 288).
Esse ensinamento é fundamental no contexto atual, onde a comunicação digital muitas vezes incentiva a agressividade e a desumanização do outro. O Santo Padre exorta os cristãos e a sociedade em geral a rejeitarem o ódio e a abraçarem o amor e o respeito mútuo como fundamentos de uma verdadeira fraternidade (Fratelli Tutti, 46.242, 282-284). Somos desafiados a rejeitar essa força destrutiva e a buscar uma cultura de amor, respeito e fraternidade. Em última análise, o ódio pode parecer poderoso, mas é o amor que tem o potencial de transformar e unir a humanidade em sua diversidade.
Desejo que a campanha eleitoral, nos municípios catarinense, transcorra da melhor maneira possível e ajude a fortalecer a cidadania e o bem-estar de todos. Invocamos as bênçãos do Bom Deus sobre os candidatos e candidatas, e sobre os eleitores e eleitoras. Que Nossa Senhora Aparecida nos conduza pelos caminhos da justiça, da fraternidade e da paz!
Por dom Odelir José Magri, MCCJ