No dia 03 de agosto realizou-se o lançamento do Projeto Padres para Igreja em Santa Catarina. Convém enfatizar, logo de início, que é um projeto contínuo, sem data de conclusão. Seu objetivo é fortalecer a cultura vocacional em nosso estado para que todas as nossas comunidades paroquiais tenham sacerdotes para cumprir sua função ministerial, cujo objetivo é levar as pessoas a conhecer, amar e seguir Jesus Cristo, que nos revelou a vontade do Pai e nos enviou o Espírito Santo.
Mas o padre continua sendo necessário nos tempos atuais em que o último senso religioso, com dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizado em 2022, nos mostrou que aumentam consideravelmente as pessoas sem religiosidade? Exatamente por isso. Em tempos de confusão espiritual e relativismo moral, o sacerdote é chamado a ser sinal de contradição: um testemunho vivo da fé apostólica e da esperança eterna. Sua missão não é resultado de uma escolha humana, mas de uma vocação que nasce no coração da Igreja e se enraíza na obediência à Palavra e à Tradição viva.
Não há dúvida de que em um tempo marcado pela confusão de valores, o padre deve ser sentinela da verdade, defensor da vida, servidor da dignidade humana, educador da fé. Com os jovens, os pobres, os sofredores, é chamado a ser presença de Cristo, que passa fazendo o bem. O sacerdote é um dom incomparável para a Igreja e para a humanidade. Ele é escolhido por Cristo, configurado a Ele de maneira sacramental, para ser sinal vivo do amor que salva e reconcilia. A humanidade precisa de sacerdotes apaixonados por Cristo, enamorados da Igreja, servidores do povo.
O sacerdote é, por desígnio divino, um homem tomado por Deus para ser mediador entre o céu e a terra. Ele não fala em nome próprio, mas empresta sua voz, suas mãos e seu coração a Cristo, o Sumo e Eterno Sacerdote. Na celebração da Eucaristia, ele torna presente, de maneira sacramental, o sacrifício redentor do Calvário. É tornar-se, dia após dia, outro Cristo, especialmente na celebração da Eucaristia, fonte e cume da vida cristã. É ali, diante do altar, que o sacerdote encontra sua identidade mais profunda: oferecer, junto com Cristo, sua própria vida pela salvação do mundo. No confessionário, é instrumento da misericórdia que reconcilia o homem com Deus. Na pregação, é arauto da Verdade que liberta, anuncia a Palavra com coragem e fidelidade.
Louvo a Deus pelos padres de nossa arquidiocese pois são servidores fiéis do Evangelho e pastores do Povo de Deus. Sublinho que o sacerdote é um dom para a Igreja e para o mundo: chamado, consagrado e enviado para tornar presente, em cada tempo e lugar, a misericórdia do Senhor. Ele é um homem tocado por Deus, portador de compaixão, que caminha com o povo e por ele se entrega. O padre chora com os que choram, alegra-se com os que se alegram, e nunca se cansa de perdoar. A sua missão não é a de dominar, mas de servir; não é a de condenar, mas de abraçar com ternura.
O projeto vocacional convoca todos os nossos fiéis a rezarem pelos seus sacerdotes, para que, com humildade e fidelidade, vivam a beleza da sua consagração. Que encontrem, em Maria Santíssima, modelo de entrega total e em São João Maria Vianney exemplo luminoso de zelo pastoral. Maria, Mãe dos sacerdotes, proteja todos os padres com vosso manto e os ajude a dizer sempre “sim” à vossa vontade. Amém.
Por dom Francisco Carlos Bach | Arcebispo de Joinville