Artigo traz o significado do Natal como um chamado à paz, humildade e compaixão.
O Papa São João Paulo II destaca o evento natalino como uma manifestação única do amor e da humildade de Deus, pois é a celebração do mistério da Encarnação, onde Deus se fez humano em Jesus Cristo. Essa ação divina revela um Deus que se aproxima da humanidade, oferecendo uma mensagem de paz, alegria e esperança. O Papa Bento XVI ressalta a encarnação como um profundo mistério de fé e humildade, na qual Deus se abaixa para habitar entre os homens, revelando um amor infinito e incondicional, expressão de sua proximidade e de sua compaixão pela humanidade. O Papa Francisco, em suas homilias e mensagens, enfatiza que o nascimento de Cristo em Belém revela o coração de um Deus que escolhe a humildade e a pobreza para se aproximar da humanidade. Ou seja, os três convergem no mesmo ponto do dogma de fé: o Filho de Deus se faz um de nós por posso amor, assumindo a nossa humanidade para nos salvar.
São João Paulo II vê o Natal como um momento de oração e introspecção, para redescobrir o propósito da vinda de Cristo e renovar o compromisso de seguir seus ensinamentos. Em suas mensagens natalinas, ele sublinha que o nascimento de Jesus traz luz ao mundo, dissipando as trevas do pecado e da desesperança, e que essa luz deve guiar os cristãos para a construção de um mundo mais justo e pacífico. Mais, além de nos convocar à fraternidade e à reconciliação, o Natal incentiva-nos a imitar a humildade de Cristo e a acolher o próximo com compaixão. Bento XVI apregoa o Natal como um convite para redescobrir a verdadeira alegria de viver em Cristo, permitindo que a luz do Salvador renove os corações e inspire uma vida de fé e caridade. Papa Francisco enfatiza sempre que os pobres não podem ser esquecidos no Natal, pois o nascimento de Jesus traz esperança e alegria que devem ser compartilhadas, sobretudo com aqueles que sofrem. A simplicidade do presépio, segundo ele, é um chamado para abrir o coração a Deus e aos irmãos, superando as barreiras da indiferença.
Segundo São João Paulo II, o presépio é um símbolo poderoso que lembra a simplicidade e o despojamento de Jesus e convida as pessoas a buscarem o verdadeiro significado do Natal, além do consumismo e das superficialidades. Bento XVI via o presépio e o ambiente simples em que Cristo nasceu como um convite para a humanidade redescobrir os valores da simplicidade e da entrega, afastando-se do materialismo que muitas vezes permeia as celebrações natalinas. Suas proposições nos solicitam que reflitamos sobre o “silêncio e a contemplação” do mistério do Natal, pois este momento é mais um encontro com o amor de Deus que uma simples festa. Neste contexto o Papa Francisco ressalta que, em meio a um mundo marcado pelo consumismo e desigualdade, o Natal deve ser um momento para redescobrir o valor da compaixão, da solidariedade e do acolhimento dos mais vulneráveis. Neste quesito o ponto comum dos três Papas é reafirmar que o Natal não pode ser apenas uma festa marcada pelo consumo, mas momento especial do ano litúrgico para encontrar-se com Deus e voltar os olhos para as necessidades do próximo.
Recordo que o tema da paz no Natal aparece sempre nas palavras de Bento XVI. Ele vê o nascimento de Cristo como a chegada da “luz que ilumina o mundo”, destacando que o Príncipe da Paz veio para reconciliar a humanidade e mostrar o caminho da paz e do perdão. Para o Papa, o Natal deve inspirar os cristãos a serem instrumentos de paz, amor e justiça em suas próprias vidas e comunidades. Além disso, o Papa Francisco também enfatiza o Natal como um tempo de paz. Ele relembra que Jesus é o “Príncipe da Paz” e que a sua vinda ao mundo é uma mensagem clara de reconciliação e fraternidade. Francisco exorta todos a serem portadores dessa paz e a se empenhar em construir um mundo mais justo e solidário, acolhendo os migrantes, os pobres e os que sofrem discriminação.
Assim o Natal não é apenas uma celebração festiva, mas um convite para uma vida de entrega ao próximo, vivida com um coração compassivo e em sintonia com o amor de Deus que se revelou em Jesus Cristo. Ele chama todos os fiéis a testemunharem essa luz e a serem promotores da verdadeira alegria e paz que o nascimento de Jesus traz ao mundo.
Por Dom Francisco Carlos Bach - Arcebispo de Joinville | Foto/Arte: ASCOM da Arquidiocese de Joinville