A Quarta Sessão de trabalhos e estudos da 57ª Assembleia Regional de Pastoral (ARP) do Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) teve como tema “E agora, o que fazer a partir do Sínodo da Sinodalidade?”. O encontro contou com a assessoria do Arcebispo de Porto Alegre e Presidente da CNBB Nacional, Dom Jaime Cardeal Spengler, OFM, e acontece no Centro Diocesano de Formação Dom José Jovêncio Balestieri, em Rio do Oeste (SC), na Diocese de Rio do Sul. Participam bispos e arcebispos, coordenadores de pastoral, ecônomos diocesanos, representantes de pastorais, movimentos, serviços e organismos de todo o estado.

Dom Jaime iniciou sua exposição explicando o significado do termo sínodo como “um caminho conjunto do povo de Deus”, recordando que a expressão foi retomada na Igreja Latina a partir do Concílio Vaticano II por iniciativa de Paulo VI. Ele sugeriu uma mudança de perspectiva na reflexão: “Em vez de perguntar o que fazer com o sínodo, poderíamos questionar: o que o Sínodo pode fazer conosco? O sínodo está apenas começando”.

O arcebispo destacou que a conversão deve ser entendida como chave de leitura do documento sinodal. Segundo ele, trata-se de um chamado a uma sintonia com o Evangelho de Jesus Cristo, expresso em três dimensões: “Conversão em relação às relações, conversão em relação aos processos e conversão em relação aos vínculos”.

Ao falar sobre os desafios da implementação, Dom Jaime sublinhou a importância da transparência e da prestação de contas na Igreja. Ele afirmou: “Não fomos preparados para isto. Acredito que o laicato e as universidades podem nos ajudar muito nesse caminho”.

O arcebispo também apontou para a necessidade de fortalecer os organismos de participação, como conselhos e assembleias, que expressam a corresponsabilidade pela vida das comunidades e dioceses. Em sua fala, destacou ainda a urgência de enfrentar o clericalismo e a crise do ecumenismo, mencionando que na realidade catarinense existe uma presença significativa de igrejas luteranas, o que exige um diálogo constante.

Sobre os próximos passos, Dom Jaime apresentou o cronograma do processo sinodal, que prevê uma fase diocesana entre 2025 e 2026 para a divulgação das orientações, assembleias de avaliação em 2027, assembleias continentais em 2028 e, em outubro do mesmo ano, uma assembleia eclesial no Vaticano.

Ao refletir sobre a experiência das duas sessões do sínodo já realizadas, o cardeal descreveu o processo como “uma experiência extraordinária de comunhão”. Ele lembrou que a primeira sessão foi marcada por tensões, mas que na segunda houve maior serenidade: “Certamente o clima de oração e fraternidade ajudou a superar desconfianças”.

Dom Jaime também advertiu sobre o risco de banalização do tema: “É preciso tornar mais conhecido o conceito de sinodalidade, mas evitar que se torne um chavão. Não basta repetir que a Igreja deve ser sinodal, é preciso vivê-la”.

Entre os temas de destaque lembrados pelo arcebispo estão a revisão do Código de Direito Canônico, a valorização da doutrina social da Igreja, o ministério diaconal, a formação do clero e a participação dos leigos nos processos e decisões.

Encerrando sua fala, Dom Jaime citou uma expressão do Papa Leão: “Somos uma Igreja missionária, que constrói pontes, que constrói diálogo, sempre aberta para acolher a todos”. E concluiu com uma mensagem de incentivo: “O importante é que gostamos do que somos e amamos o que fazemos. Então, coragem”.

Matéria: Jaison Alves da Silva | Foto: João Vitório Martins | Ascom 57ªARP