A tarde de 21 de agosto de 2025, o segundo dia da 57ª Assembleia Regional de Pastoral do Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, trouxe um momento de reflexão e memória. O evento, que acorre em Rio do Oeste, Santa Catarina, de 20 a 22 de agosto de 2025, prestou uma homenagem a Padre Vitor Galdino Feller, que faleceu em 26 de julho de 2025, aos 72 anos.

Padre Cesar Dalpra, em nome das Pastorais e Movimentos do Regional, leu a homenagem. Ele iniciou perguntando aos presentes: “Quem aqui já teve alguma aula com Padre Vitor? Quem já participou de alguma missa com ele? Material escrito por ele? Quem já viu algum material escrito por ele?”. A maioria levantou as mãos.

Padre Cesar continuou descrevendo Padre Vitor como um homem que impactou muitas pessoas. “Ninguém como ele conseguia equilibrar de forma tão perfeita o conhecimento e a humildade. Sabia mais que muitos doutores, mas conversava com todos até os mais humildes e simples”. Padre Cesar ressaltou que Padre Vitor compreendia a história, a doutrina e a teologia, mas as explicava de maneira que todos entendiam.

Foto: Jaison Alves da Silva

A homenagem destacou que “Deus usa da simplicidade para revelar sua sabedoria e por isso fez do Padre Vitor um instrumento do seu amor e da sua alegria. Fazendo tantos se aproximarem mais de Deus, conhecer mais de Deus, e por isso amá-Lo mais”. Ele relembrou que Padre Vitor quase sempre terminava suas aulas com a pergunta: “Dúvidas? Questionamentos? Contribuições?”.

Padre Dalpra respondeu às perguntas de Vitor em nome da assembleia: “Padre Vitor Feller, se essa é sua pergunta para nós ao encerrar-se a grande aula que foi sua vida, a resposta é que não, não ficamos com nenhuma dúvida, só a certeza de que a sua dedicação e seu amor pela vocação edificaram e muito o Reino de Deus que sempre o moveu! Questionamentos? Sim, muitos que nos fizeram e sempre nos farão olhar o mundo com esperança e vigilância, compaixão e cuidado, doação e respeito. Contribuições? Muitas! Quem te conheceu sempre será movido a contribuir para construção do Reino de Deus Vamos contribuir levando seus ensinamentos e seu legado”.

O legado de Padre Vitor foi ilustrado com um trecho que ele escreveu nas Diretrizes para a formação dos Presbíteros da Igreja de 2018: “Toda vez que perdemos de vista a grandeza do mistério da comunhão da Igreja para ficar preso à mesquinhez de uma pessoa, à fragilidade de um determinado grupo ao erro de um determinado período histórico perdemos a capacidade de contemplar o infinito mistério de Deus agindo em nós Deus é infinitamente maior do que nosso pecado. Entender o mistério da comunhão da Igreja é não amesquinhá-la, não perder tempo com fofocas e picuinhas que ameaçam fechar a comunidade em si mesma e isolar os grupos”.

Ao final da homenagem, enquanto pessoas da assembleia depositavam rosas amarelas em um vaso ao lado do círio pascal, com a imagem de um cordeiro imolado e de nossa Senhora Aparecida, padre Cesar recitou um poema escrito por Lui Von Holleben ao padre Vitor. O poema, com a palavra “dayenu” (que significa “teria sido suficiente”), ressaltou que a presença e o serviço de Padre Vitor por si só já seriam o bastante. Contudo, o texto enfatizou que ele sempre foi além.

O poema detalhou como Padre Vitor superou o “suficiente”. Não foi apenas um teólogo, mas traduziu a fé para todos. Ele não se contentou em apenas editar o jornal da Arquidiocese, mas o fez com amor. Sua exigência litúrgica foi acompanhada de melodias. Sua docência não foi superficial, e ele foi além da orientação e do sacramento da confissão. Sua vida e seu amor pelo sacerdócio foram vividos até o fim, com serviço a Deus e à Igreja.

A assembleia concluiu a homenagem com a música que Padre Vitor apreciava: “Vai, vai, missionário do Senhor, vai trabalhar na messe com ardor Cristo também chegou para anunciar, não tenhas medo de evangelizar!”

 

Matéria: Osnilda Lima | Foto: João Vitório Martins | Ascom 57ª ARP-CNBB Sul 4