No último sábado, 10 de agosto, o Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) celebrou a ordenação episcopal de dom Adalberto Donadelli Júnior. A cerimônia, que contou com a presença de diversas autoridades eclesiásticas e civis, foi presidida por dom Francisco Carlos Bach, bispo da diocese de Joinville (SC), que destacou em sua homilia a importância do serviço episcopal e a profunda responsabilidade que recai sobre os ombros de um bispo.
A homilia de dom Francisco, centrada na missão apostólica e no exemplo de Jesus Cristo como Bom Pastor, foi dirigida não apenas ao novo bispo, mas a todos os presentes. Ele ressaltou que a missão episcopal não é uma honra, mas um serviço ao Povo de Deus, exigindo amor profundo ao Senhor e dedicação às ovelhas que foram redimidas pelo sangue de Cristo.
Dom Francisco enfatizou que a vida episcopal é exigente, com muitas alegrias no ensino e santificação, mas também com desafios no governo pastoral. Citando Santo Agostinho e São João Crisóstomo, ele lembrou que o caminho do bispo é árduo, marcado por cruzes, mas sustentado pela graça abundante de Deus e pelo apoio do Povo de Deus.
Ao dirigir-se a dom Adalberto, dom Francisco reforçou a importância do amor e do serviço, inspirados por Jesus e Maria, como pilares de um ministério episcopal fecundo. Ele concluiu assegurando a dom Adalberto que, embora a missão seja desafiadora, ele nunca estará sozinho, pois o Senhor o acompanhará em todos os seus passos.
Confira a homilia na integra.
Caríssimos arcebispos e bispos irmãos no episcopado, sacerdotes, diáconos, membros de Institutos de vida consagrada, seminaristas, autoridades civis, pastores e representantes de outras denominações religiosas, familiares (de modo especial a mamãe, Sra. Elza), e amigos do sacerdote chamado para a missão apostólica, irmãos e irmãs no Senhor Jesus e caríssimo Mons. Adalberto. Nossa vida pertence ao Senhor, estamos em suas mãos. Para continuar a obra salvífica, fruto da redenção obtida por Jesus Cristo, o Senhor chama pessoas, através da sua Igreja, e se estas aceitam, as consagra e as envia em missão. E assim estas pessoas tornam-se coparticipantes e corresponsáveis da missão do próprio Jesus Cristo, o Filho de Deus. Não se trata de uma honra concedida a uma pessoa, mas de um serviço eclesial em favor do Povo de Deus. Tal serviço eclesial necessariamente tem como modelo o próprio Jesus, já que o Senhor quer manifestar-se ao mundo através de quem aceitou a missão. A pessoa que aceitou a missão, no dia de hoje, tem um nome: Adalberto, daqui a pouco Dom Adalberto. Meu caro, a partir de hoje, esta será a tua a missão, a mesma que o Papai do céu confiou a seu Filho, na Igreja de Jesus, presente na história pela ação do Espírito Santo.
Mons. Adalberto, tu me amas mais do que os outros? Esta pergunta novamente se refaz hoje, e quando tu estiveres deitado aos pés do altar, enquanto cantamos a Ladainha pedindo a intercessão do Senhor e de todos os santos, precisas atualizar a resposta de Pedro: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Igualmente precisarás atualizar o Salmo de meditação que a pouco cantamos: “Com prazer farei a vossa vontade, guardarei em meu coração a vossa lei”. Por que isto? Por dois motivos: 1. Não é possível viver o ministério episcopal sem um profundo e exclusivo amor ao Senhor e a todos aqueles pelos quais ele imolou-se na cruz. Deverás cuidar das ovelhas redimidas pelo sangue do Bom Pastor. O bispo é o Bom Pastor que conhece suas ovelhas e por elas é conhecido, verdadeiro pai que sobressai pelo seu espírito de caridade e de zelo para com todos, sem esquecer que deve normatizar tudo o que diz respeito ao culto e ao apostolado. 2. A vida episcopal é exigente. Encontrarás muitas alegrias, principalmente nos múnus de ensinar e santificar. A liturgia e a pregação da palavra de Deus encantam a nossa vida. Contudo, o múnus de governar lhe trará muitas cruzes e é exatamente nestes momentos que mais estarás unido à cruz de Jesus. São João Crisóstomo afirma que a vida de bispo é um “oceano de trabalhos e abismo de dores”. Santo Agostinho teria afirmado, palavras de Santo Afonso de Ligório, que é muito difícil um bispo salvar-se porque é muito difícil satisfazer a todos os deveres que tem”. Buscando o bem da Igreja Particular, da tua diocese, deverás tomar decisões que não agradarão a todos. Nem sempre é fácil encontrar o justo equilíbrio entre a paternidade e a autoridade episcopal. Recorda-te sempre do texto da segunda carta a Timóteo que escolheste para tua ordenação episcopal: “Fui constituído pregador, apóstolo e mestre. Por causa disto suporto os sofrimentos, mas não me envergonho, pois sei em quem acreditei”.
Mons. Adalberto: Estarás sozinho em teu ministério episcopal? Definitivamente estarás muito bem acompanhado. A graça de Deus lhe será abundante. O amor de Deus nunca falha! E o Povo de Deus, isto é, clérigos e fiéis cristãos? O povo de Deus é maravilhoso… te receberá com sorriso nos lábios e sempre estará rezando por ti. É incontável o número de pessoas que me dizem: “Dom Francisco, rezo pelo sr. todos os dias”. O contato frequente que temos com os fiéis, nos diversos eventos celebrativos ou formativos, nos anima na missão episcopal. Dentro do Povo de Deus, além de toda ajuda que recebemos dos vários Conselhos diocesanos, quer de sacerdotes, diáconos ou leigos, há um grupo que deve ser a menina dos teus olhos: os sacerdotes. Sem eles o bispo nada faz. O carinho e o cuidado que Jesus teve com seus apóstolos é o exemplo a ser seguido. Os bispos, de modo especial do Regional Sul IV da CNBB, do nosso estado de Santa Catarina, te acolhem com muito respeito e carinho. Conte conosco! Caríssimos irmãos e irmãs da diocese de Rio do Sul: amem o seu bispo, o olhem com um olhar de fé como sucessor dos apóstolos, ele colocará a sua vida a serviço de vocês.
Mons. Adalberto: Como poderíamos, em uma frase, ter a certeza de um ministério episcopal fecundo? Amar como Jesus amou e servir como Maria serviu. O amor de Jesus pela humanidade e a sintonia com o Papai do céu foram plenos: “Meu alimento é fazer a vontade do Pai”. Nada o impediu ou o afastou da missão que lhe foi confiada. Hoje, o Senhor, por meio da Igreja, te confia uma missão: ser o apóstolo de Cristo que a Igreja precisa para o mundo de hoje, concretamente, como sucessor dos apóstolos na Diocese de Rio do Sul. Teu lema episcopal faz eco à disponibilidade de Maria, mãe de Jesus e tua: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. De fato, enquanto Mãe, Maria sustenta o bispo no seu empenho interior de conformação a Cristo e no seu serviço eclesial. Na Escola de Maria o bispo aprende a contemplar o rosto de Cristo, tem consolo na sua missão e força para anunciar o evangelho da salvação. Mons. Adalberto, nunca tenhas dúvida: A intercessão materna de Maria o acompanhará!
E por fim, e o mais importante, o próprio Verbo Encarnado, o Filho de Deus rezou por ti: “Pai, quero que os que me deste estejam comigo… Eu lhes dei a conhecer o teu nome para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles”. Ou seja, não estás e nunca estarás sozinho. O Senhor estará presente e te acompanhará em todos os teus passos! Receba hoje, de todos nós, votos de um fecundo ministério episcopal. Amém.
Dom Francisco Carlos Bach | Bispo da diocese de Joinville (SC)
Por Jaison Alves da Silva | Foto: Jailson Foto Evento (Joinville/SC)