O episcopado brasileiro está reunido nos dias 28 de agosto a 2 de setembro para a segunda fase da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. O evento acontece no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP). O tema central do encontro é “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão”. A temática está em sintonia com o processo do Sínodo 2021-2023, convocado pelo Papa Francisco, e também está relacionada às celebrações dos 70 anos de criação da CNBB. Além do aprofundamento do Tema Central, propostas e indicações para a elaboração das próximas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil – DGAE serão feitas rumo à consolidação na 60ª Assembleia Geral da CNBB, em 2023.
Novo Estatuto da CNBB
Nesta quarta-feira, 31 de agosto, o episcopado brasileiro deu continuidade no processo de avaliação do Estatuto da entidade. Depois de incorporar ao texto outras sugestões, a Comissão de Redação do Estatuto apresentou a nova versão aos bispos para votação e foi aprovado.
Dom Moacir Silva, arcebispo de Ribeirão Preto (SP), comenta que as principais mudanças do estatuto são: preambulo, no estatuto de 2002 não está presente, este apresenta a missão da Conferência e orienta todo o estatuto; fará parte as doze comissões episcopais pastorais, que dentro do estatuto serão chamadas de comissões episcopais; um capítulo contempla os bispos eméritos orientando como eles devem atuar, podendo participar das comissões episcopais com direito a voto dentro do tema apresentado pela comissão da qual faz parte; outro ponto é a organização de trabalho realizado no Brasil por regional, este seja reconhecido pela Santa Sé como uma organização de trabalho pastoral sendo a CNBB e seus regionais.
Ministério do catequista
A instituição do Ministério de Catequista, preparado pela Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, aprovou as orientações para a escolha, o discernimento e formação, “seja do ser, do fazer, do saber-fazer” e que cada catequista deverá ser acompanhado até ser instituído ministro. A partir do texto deverá ser elaborado um roteiro de formação: global, humana, comunitária, espiritual, doutrinária, teológica e pastoral/missionária. Para que o catequista seja instituído ministro, o processo será de cinco anos contemplando o tempo de formação, de convivência com as crianças e jovens, a fim de que possa oferecer uma formação orgânica para toda comunidade. O ministério vai qualificar essa missão já presente nas comunidades.
O subsídio traz as grandes linhas para serem seguidas. As escolas catequéticas diocesanas, faculdades, institutos vão propor as formações mais acadêmicas, dentro dos temas apresentados no parágrafo anterior. Para que o catequista se torne ministro ele precisa do reconhecimento da comunidade: por ser uma pessoa que se dedica, gosta de ser catequista, oferece a sua vida naquela direção, exerce a atividade com muita alegria, testemunho, qualidade e possui um bom relacionamento com todos.
Em entrevista coletiva Dom Waldemar Passini, bispo de Luziânia (GO) e membro da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, diz: “Catequista é um grande cooperador da edificação da vida cristã, na pessoa e na comunidade”.
Novo Missal Romano

O Missal Romano também foi votado e aprovado e seguirá para Roma para análise e para uma aprovação final. O primeiro bloco da votação ocorreu na segunda-feira, dia 29, no qual compreendia as orações eucarísticas e as orações sobre o povo. Nesta segunda etapa de votação, os membros da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel) deram retorno ao episcopado brasileiro a partir das contribuições recebidas pela Comissão. Termos gramaticais foram corrigidos em algumas páginas e outras partes do texto reconsideradas.
A votação foi realizada em cédulas e os bispos deveriam marcar as opções – Sim; Não ou Abstenção. Dos 292 votantes presentes na sessão, eram necessários 215 votos positivos para a aprovação. 269 bispos aprovaram a tradução do texto. Houve 6 abstenções e 3 votos negativos.
Estudo 114 da CNBB
O Estudo 114 da CNBB sobre a Animação Bíblica da Pastoral voltou a pauta depois que alterações sugeridas pelos bispos, na terça-feira dia 30. As alterações foram realizadas pela Comissão com o objetivo de contemplar questões sobre sinodalidade, a idolatria e o fundamentalismo, a inserção de item sobre a Palavra de Deus e os Círculos Bíblicos. Dessa vez, foi aprovado e o texto será um Documento oficial da CNBB.
O Estudo 114 da Conferência “E a Palavra habitou entre nós” (Jo 1,14): Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias surgiu a partir da exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini (2012) de Bento XVI, concretizada para o Brasil no Documento 97 da CNBB: Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja. O objetivo do documento é motivar e fazer a Bíblia “circular com grande familiaridade” e também colocá-la no centro, como é a proposta da catequese iniciação à vida cristã, além de contribuir para a Animação Bíblica e Pastoral da Igreja no Brasil, de modo que a relação pessoal com a Palavra de Deus seja aprofundada e sustente pessoas, grupos e comunidades em missão.
Para Dom José Antônio Peruzzo, Arcebispo de Curitiba/PR e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, o reconhecimento do texto como documento da Conferência faz crescer “grandemente o compromisso do próprio episcopado com a causa documentada”. Ainda ressalta que o texto “anseia que a Palavra de Deus tenha um lugar de maior protagonismo nas motivações e inspirações e projetos evangelizadores da nossa Igreja”.
Em entrevista coletiva Dom Peruzzo explica que: “a palavra Animação: não é motivação psicológica, nem vigor de estado de ânimo. Animação vem de alma ‘anima’, ou seja, uma pastoral cuja alma não seja a Palavra de Deus há o risco de não pastorear, se a origem não proceder do modo de ser e de se revelar do modo do pastor”.
Dom Peruzzo compara a centralidade bíblica de toda a ação evangelizadora da Igreja como uma jovem que, ao receber uma carta de seu amado, “lê, sorri, se encanta e beija o papel”, e contina dizendo que o “afeto dele tornou-se letra à amada”. Do mesmo modo, explicou o bispo, “a ternura de Deus perpassou os séculos e, tornando-se letra bíblica, fortalece toda a vida pastoral de nossa Igreja”.
A estrutura do documento está formada em sete capítulos. O primeiro capítulo é uma iluminação bíblica a partir do texto da parábola do semeador (Mt 13,1-9). O segundo capítulo trabalha o que é a animação bíblica da pastoral, na qual, por muito tempo foi a Pastoral Bíblica, que realizou diversas atividades sobre a Palavra. Segundo ele, a animação bíblica da pastoral tem outra proposta: “nesse momento não estamos preocupados em fazer atividades bíblicas, mas sim que a pastoral e as atividades sejam todas animadas pela Bíblia”.
O terceiro capítulo aborda os desafios a serem enfrentados pela animação bíblica – “A Palavra de Deus e os desafios da semeadura”. Dom Paulo destacou que um dos principais desafios é o da leitura fundamentalista, quando a Bíblia é lida ao pé da letra. O quarto capítulo trabalha os agentes da semeadura: bispos, padres, diáconos, catequistas, leigos e leigas. O quinto apresenta “A Palavra de Deus em diversos tipos de terrenos”, sendo eles: na liturgia, na ação missionária, na catequese, na piedade popular, na família, na juventude, no ecumenismo e diálogo inter-religioso, nos meios de comunicação, na formação dos ministros ordenados e no terreno dos pobres e oprimidos.
O sexto capítulo trabalha as diversas óticas para a leitura da Palavra de Deus, como: a Leitura Orante da Palavra; a leitura continua e a Lectio Divina, através do método ver-julgar-agir. Ainda neste capitulo ele apresenta a Palavra de Deus concretizada na caridade e no compromisso socioambiental transformador. Por fim, o último capítulo apresenta propostas concretas para a implantação da animação bíblica da pastoral em nível nacional, regional, diocesano, local e virtual.
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Ainda nesta quarta-feira, os Bispos aprovaram a mensagem ao povo brasileiro que será divulgado na sexta-feira dia 02/09. Finalizando os trabalhos, neste terceiro dia de assembleia, participam da missa, as 18h, que será dedicada aos 70 anos da CNBB. A celebração será presidida pelo arcebispo de Campo Grande (MS), Dom Dimas Lara Barbosa e os concelebrantes serão os ex-presidentes e ex-secretários-gerais da CNBB.
Dom Guilherme Antônio Werlang, Bispo da Diocese de Lages, conta como foi o terceiro dia da Assembleia. Confira no vídeo e fique por dentro da 59ª Assembleia Geral dos Bispos.
Por CNBB Sul 4 | Fotos: Jaison Alves da Silva