Cerca de 50 agentes da Pascom de dioceses e paróquias de SC participaram do evento (Foto: Olga Oliveira/Pascom Sul 4)

A Pastoral da Comunicação (Pascom) em Santa Catarina voltou a discutir o uso das novas mídias e novas tecnologias com agentes locais, na terceira edição seminário regional, realizado em Joinville, 16 a 18. Palestrantes também abordaram questões relativas à assessoria de comunicação e o trabalho da pastoral.

Pascom em Ação

Padre Rafael Uliano, Diretor Eclesiástico da Pascom de Tubarão, apresentou cinco desafios da comunicação, a empatia, o testemunho, a proximidade, a disciplina e a interação. Além disso apontou que a pastoral precisa modificar a sua forma corrente de comunicar.

— Nós devemos passar da Pastoral de Comunicação de transmissão para a comunicação de conteúdo, do marketing para a acolhida, do intimismo para a interatividade com a comunidade —, desafiou padre Uliano.

Ele também destacou a importância da atualização constante das redes sociais virtuais. “Elas meio que são como que seres vivos. A conta no Facebook, no Twitter ou no Instagram precisa ser alimentada. Colocou no mundo, tem que criar”.

Gerenciamento de Redes Sociais

O diretor da Agência Arcanjo de comunicação, Darlan dos Santos, afirmou que o conteúdo institucional deve visar a informação e a formação, a atualidade e a inovação, a relevância e a qualidade.

— Às vezes estamos trazendo conteúdo pelo qual o nosso público não se interessa. Quantas paróquias andam compartilhando temas profanos, espíritas, seculares? Temas totalmente fora da nossa espiritualidade e, de fato, não é posicionamento da igreja, mas a vontade ou falta de conhecimento de uma pessoa que está ali naquela página. Por favor, gente tomem muito cuidado com o conteúdo! O público quer conteúdo sobre a vida da paróquia, não sobre a sociedade ou a morte que aconteceu no bar ou o assalto na padaria. Para isso ele vai ao jornal da cidade —, ponderou o empreendedor.

As paróquias não devem ter perfis pessoais, mas páginas institucionais. Tanto porque perfis violam as regras do site, como as páginas permitem o gerenciamento do conteúdo e a mensuração do alcance. Além disso, as publicações podem ser pagas para ter um alcance maior, já que as publicações, em média, chegam para apenas 10% das pessoas que curtem as páginas.

As páginas que respondem os comentários dos visitantes recebem um selo do Facebook. Darlan avaliou que “seria muito interessante que as paróquias tivessem esse selo”, até porque, “quando as pessoas perguntam, elas querem resposta”.

Para responder aos comentários e publicar os conteúdos com mais qualidade e rapidez, sugeriu que as equipes de comunicação sejam ampliadas. Para o diretor da agência de comunicação, equipes pequenas não ocorrem por falta de pessoas disponíveis mas “às vezes, por apego”. “Amplie sua visão, olhe pros jovens, para as pessoas na paróquia que podem ajudar a gerenciar melhor a página no Facebook”, apontou.

Vídeos nas mídias sociais

Para o Coordenador da Pastoral da Comunicação em Tubarão, Anselmo Ramos, a utilização de vídeos pelas paróquias deve seguir as regras determinadas pelos documentos da Igreja e precisa ser um trabalho coletivo.

— Convide. Não queira fazer sozinho ou só com seu grupo. Convide as outras pastorais e outros movimentos, porque todos eles têm muito a oferecer e a aprender. Então, precisamos criar uma rede de colaboradores —, recomendou Ramos.

Os vídeos podem ser de vários tipos, segundo ele, porque “nem todos gostam da mesma coisa”. Comédia, pregação, música e paródias são opções. “Aí as coisas se estendem e as possibilidades são inúmeras. Comece com aquilo que lhe atrai, mas, desde que sejam úteis para a evangelização”, pontuou o coordenador.

Projetos Sociais

Olga Oliveira, coordenadora regional da Pastoral da Comunicação, demonstrou que sua equipe de estagiários na assessoria de comunicação na Ação Social Arquidiocesana (ASA) de Florianópolis, conseguiu ampliar em 20 mil reais a arrecadação da Campanha da Solidariedade no encerramento da Campanha da Fraternidade de 2014. Durante o ano anterior, a arrecadação foi pouco mais 277 mil reais.

— Falando adequadamente com o público, a gente conseguiu com que as pessoas entendessem o que é a campanha da solidariedade e através disso, doasse mais e mais pessoas puderam ser ajudadas —, explicou a coordenadora.

A iniciativa, que durou um foi relacionada com seu estágio acadêmico e trabalho de conclusão de curso em Jornalismo, e envolveu o envio de malas diretas, notícias e boletins impressos para as paróquias. A ASA ampliou número projetos sociais, de até R$ 7,800 atendidos e criou o Prêmio Dom Afonso Niehues, de 10 mil reais que premia iniciativas sociais na região.

Olga ressaltou que a Pastoral da Comunicação deve dar atenção às iniciativas sociais em seu trabalho porque “muitas pessoas são cuidadas, alimentadas e não morrem graças ao trabalho da Igreja”.

Ela explicou que a missão da Pascom é de apoiar as outras pastorais e os agentes, como oferecer cursos de oratória para catequistas. Não cabe à Pascom substituir os profissionais e as assessorias de comunicação das paróquias e dioceses, na produção de jornais por exemplo, mas de apoiar o trabalho.

Encontro e profissionalismo

Padre Marcio Alexandre Vignoli, de Florianópolis, pontuou que a presença da igreja das redes sociais deve “gerar comunhão e promover o encontro”. Para ele, a Igreja deve priorizar a comunicação local e diferenciar-se pela comunicação que promove o encontro.

O bispo de Joinville, e referencial para Comunicação no Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Irineu Roque Scherer, defendeu a profissionalização do trabalho, à exemplo como tem feito à frente da diocese. Para ele, é essencial que a Pascom esteja organizada nas dioceses porque que a “comunicação está em tudo” e é preciso que a pastoral vá ao encontro das paróquias e das capelas, para apoiá-las nesse campo.

— Fico tão contente nas paróquias o pessoal da Pascom fazendo eu trabalho. Depois a gente vê o fruto na revista (Diocese em Foco, com 70 páginas). No começo a gente se perguntava “será que eles vão ter conteúdo para fazer todo mês uma revista?”. Isso nos assustava no começo, hoje o problema é que vem conteúdo demais. A gente tem que estar deixando de fora assuntos porque não cabe. Para vocês verem que quando há Pascom nas paróquias, há uma vitalidade na área da comunicação —, avaliou dom Scherer.