“Diante de uma rede de morte, somente uma rede de vida para defendê-la”, justificou irmã Wanderleia Della Costa no primeiro encontro da “Rede em Defesa da Vida”, em Lages, 06 a 08 de abril. Participaram 24 irmãs e irmãos
Segundo ela, uma rede pode ter muitos pontos, nós e entrelaçamentos que se “comunicam, se interdependem e se combinam. Uma rede não se fecha, mas se amplia e se abre para novas possibilidades”, apontou.
Dalla Costa ponderou que a participação em uma rede exige mudanças pessoais, porque “a rede tem que estar dentro da pessoa. É difícil, pois sempre é mais fácil ir e fazer as coisas como a gente acha certo. Dialogar com os outros é mais difícil”.
A “Rede em Defesa da Vida” articulará iniciativas da própria CRB, como a “Rede Um Grito pela Vida”, que combate a exploração e o tráfico de pessoas, os religiosos inseridos nas comunidades periféricas e que atuam como agentes e líderes em pastorais como as da Criança, da Saúde, dos Indígenas.
— Escolhemos este nome porque todas essas iniciativas defendem a vida. Propusemos essa articulação na assembleia do ano passado e foi aprovada por unanimidade. Achamos que o primeiro tema deveria ser análise de conjuntura para compreendermos um pouco mais a realidade que nos cerca —, explicou Irmão Plácio José Bohn,
A aproximação com as Pastorais Sociais foi uma das sugestões levantadas no encontro, no sentido de incrementar as conexões da nova rede. “É importante ficarmos, ao menos, uma parte do tempo no Fórum da Pastorais Sociais para que as preocupações da CRB sejam ampliadas”, sugeriu Irmã Marilete Rover, de Joinville.
Os religiosos veem com preocupação a redução de lideranças e voluntários e a desmobilização social. Embora, a atual crise política brasileira tenha provado uma rearticulação social, na visão dos participantes do encontro.
O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Vilson Santin, pontuou em sua análise da conjuntura, que a crise atual é a soma de quatro crises simultâneas: econômica, social, política e ecológica.
— Essas crises são de caráter estrutural e a solução para elas não se dará com o golpe parlamentar contra a Presidenta Dilma. Vamos continuar denunciando este ato ilegal e arbitrário —, disse. No dia 10, o MST fechará os trevos de Irani, de São Cristóvão do Sul e de Maravilha, contra a votação no Senado, marcada para o dia seguinte.
O sem terra analisou que não são apenas questões eleitorais em jogo, mas a própria democracia, que “não é só o direito de votar e ser votado, mas são os direitos sociais e trabalhistas, são melhores condições de vida e é o direito de reivindicar junto ao Estado melhores condições de vida para o povo”.