Juventude. Este foi o tema central da 45ª. Assembleia Regional de Pastoral do Regional Sul 4 (Santa Catarina) da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), realizada em Lages em  21 e 22 de setembro.  O assunto foi abordado sob três assessores com focos socioeconômico, religioso e eclesial.

O professor e doutorando Donizeti José de Lima, conhecido como Dodô, líder comunitário em Florianópolis e ex-militante da PJMP (Pastoral da Juventude do Meio Popular), falou sobre a juventude do ponto de vista sociológico e econômico. Para ele, a juventude deve ser entendida pelo seu plural, juventudes.  Também afirmou a juventude é tratada como fase secundária porque é a transição entre a infância e a vida adulta. A violência foi outro aspecto destacado por Dodô.

Ao citar dados da polícia catarinense, disse que 60% presos têm entre 18 anos e 24 anos e 67% dos mortos tem entre 18 anos e 24 anos. “Há policiais que armam os jovens e compram drogas dos jovens”, denunciou o assessor.

O padre e doutor Gilberto Tomazi, pároco em Pinheiro Preto, diocese de Caçador, localizou historicamente a juventude desde a Guerra do Contestado (1912-1916) até os dias de hoje do ponto de vista religioso. “A mística do Contestado inspira os jovens organizados na região”, afirmou. Ele também relembrou uma pesquisa realizada em 2006 para a assembleia regional realizada naquele ano com 240 jovens de 8 dioceses. Na época, “30% consideravam a igreja atrasada, fechada e autoritária”. A maioria afirmou que a igreja deveria incentivar o protagonismo juvenil.

Linhas de ação

O assessor nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, padre Antônio Ramos do Prado, (padre Toninho), falou sobre o Setor Juventude e o Documento 85 da CNBB que trata sobre a evangelização da juventude. Ele explicou as oito linhas de ação propostas pelo documento para atingir a juventude. Na quarta linha, que trata sobre discípulos e discípulas para a missão, o padre ressaltou que isto está ao alcance das paróquias e dioceses sem necessidade de grande investimento financeiro em estrutura e organização.

— Há uma pedagogia lindíssima nesta linha, que é a dioceses propor a experiência missionária e fraterna. Ela faz com que o jovem fique mais sensível à condição humana porque tem contato com a realidade — disse, acrescentando que podem ser feitos intercâmbios entre dioceses e paróquias.

Outro desafio, segundo ele é a formação de acompanhantes e assessores adultos, quinta e sexta linhas respectivamente. “Jovens acompanhando jovens é um problema sério no Brasil”, analisou. Despertar adultos para estes serviços é complicado porque exige formação, tempo livre e estrutura. Além disso, é preciso que os jovens e adultos “caminhem juntos, não como professor e aluno, mas como amigos”.

Em relação ao Setor Juventude, padre Toninho disse que não se trata de uma criação de uma instância e nem de supressão de qualquer organização juvenil existente ou imposição de determinada espiritualidade. É na verdade um espaço de partilha destinado a paróquias e dioceses.

Além da discussão sobre a prioridade Juventude, outras duas, Família e Pastorais Sociais, tiveram reajustes em suas metas. A 23ª. Romaria da Terra e da água, prevista para setembro 2013 foi cancelada em razão da Jornada Mundial da Juventude, que deve acontecer em julho.

A 45ª. Assembleia Regional de Pastoral reuniu bispos e representantes de 38 organizações do regional entre dioceses, pastorais, organismos e movimentos. Tradicionalmente a atividade acontece no Centro de Formação Católica, em Lages.