Dom Frei João Bosco Barbosa de Sousa pediu cooperação entre a CNBB e a Pastoral na busca de objetivos comuns (Foto: Angelo Junior Radavelli)

A Pastoral Familiar deve chegar a todos os lugares da Igreja por meio de parcerias, recomendou dom João Bosco Barbosa de Sousa, bispo de Osasco, SP, e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispo do Brasil (CNBB). Ele apontou desafios para 500 agentes da Pastoral Familiar no 8º Congresso Regional da Pastoral Familiar do Regional Sul 4 da CNBB, em Joaçaba, no dia 24.

— Temos que romper com os compartimentos que não se conversam —, exortou dom Bosco.

Para ele, parcerias com as Comissões Missionárias Diocesanas é necessária para a Pastoral Familiar “levar Deus para todas as famílias”. Citando a Encíclica “Alegria do Evangelho” do Papa Francisco, lembrou que “se a estrutura não é missionária, ela é caduca”.

A Pastoral Familiar deve expressar a misericórdia de Deus às “famílias feridas”, às famílias refugiadas, àquelas onde há situação de delinquência juvenil e infantil, às vítimas de violência doméstica, incluindo a pedofilia e idosos em situação de vulnerabilidade. A atuação nesses casos poderia acontecer, segundo ele, através de parceria com as Pastorais Sociais.

Com a Pastoral da Comunicação, a Pastoral Familiar, pode chegar ao “mundo das comunicações”. Também citando papa Francisco, na mensagem para Dia Mundial das Comunicações Sociais, dom Bosco lembrou que “a família é a primeira escola de comunicação”. Além disso, a pastoral precisa estar atenta para as mídias sociais, nas quais os jovens e adolescentes “precisam de critérios”, que devem ser dados pela família.

Outras ações junto aos jovens, devem ser o incentivo ao matrimônio e as vocações sacerdotais. No primeiro caso, parceria com a Pastoral da Juventude, foi sua sugestão. Para ele, o “medo do compromisso definitivo” e o desapreço dos jovens pelo “sacramento por não terem sido convenientemente evangelizados desde as suas famílias” faz com que busquem uma vida sem vínculo, o sexo irresponsável com vidas geradas sem o devido amadurecimento.

— Então, a preparação dos novos casais para o matrimônio, que muitas vezes ainda é o cursinho de noivos, precisa ser olhado com carinho —, pediu.

O presidente da comissão para a família, lembrou que Santa Catarina já foi um “celeiro de vocações” e hoje as dioceses estão “carentes de vocações sacerdotais”. O que foi que aconteceu?”, perguntou.

A pastoral também tem o desafio de atuar na politica e nas eleições para influenciar políticas públicas para a Família. Dom Bosco ponderou que o objetivo não é “eleger candidatos católicos para defender a Igreja”, como fazem as empresas ou setores evangélicos, por seus interesses. “Usar a política para obter vantagens para a Igreja Católica, não é ético”, assinalou.

Também cabe à Pastoral Familiar pautar as questões ecológicas e de vida sustentável. Segundo ele, para muitas famílias, ecologia é “apenas o trabalho escolar dos filhos”, enquanto no momento atual exige conversão e mudança de hábitos. “O remédio ecológico mais importante se chama evangelização”, indicou.

A fecundidade é outro desafio que a Pastoral Familiar precisa enfrentar, porque, muitas famílias não querem ter filhos ou terem um filho único, reflete em uma sociedade cada vez mais envelhecida e que “vai se tornando inviável”.

— O motivo dessa decisão a gente precisa respeitar. Muitas vezes é por motivo de saúde e de situações da própria vida, que a gente respeita. Mas no geral, muitas vezes é econômico o motivo, para poder consumir mais. Outras vezes é por motivo de comodidade. Qualquer que seja a causa, isso não fica sem consequências —, analisou.

Não significa incentivar os casais a terem “filhos como coelhos”, mas cuidar “desse desvio no mundo de hoje”.

O “enfrentamento dos desafios exigem conhecimento, nem sempre encontrado no seu conjunto, nos cristãos que se dedicam à evangelização”, pontuou dom Bosco. Sem formação “nós nos comprometemos pela metade, ou pior, somos comprometidos pelo pensamento mundano”.

Ele pediu empenho na “formação permanente, teimosa e continuada” em relação aos documentos da Igreja, como a Doutrina Social, e da CNBB, como o documento Comunidade de Comunidades. Também recomentou estudo sobre assuntos de psicologia e pedagogia.

— Todo mundo pode aprender tudo, mas porque a Pastoral Familiar não pode ter uma força-tarefa em cada uma dessas frentes para que elas possam levar essa formação para os diversos segmentos da Igreja, trabalhando a questão familiar de modo interdisciplinar, com um olhar amplo —, sugeriu.

O bispo pediu, no final, que a Pastoral Familiar e a Comissão Episcopal para a Vida e a Família se aproximem um pouco mais.

— Como podemos caminhar mais próximos, interagir mais, buscar juntos as forças que nós necessitamos? Esse é o último dos meus desafios: um pedido que este congresso possa somar com a gente.