Os 46 Participantes do Seminário Regional das Pastorais Sociais, em Rio do Oeste, SC, 27 a 29, decidiram capacitar os agentes de pastoral para que possam auxiliar os migrantes em necessidades urgentes, como obtenção de documentos. Esta e outras proposições respondem a desafios relacionados às Migrações no estado de Santa Catarina, tema do evento.
A metodologia e o formato da capacitação serão propostas, até final de abril, por uma comissão formada por integrantes da Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Florianópolis e do Centro de Referência em Direitos Humanos de Chapecó, da UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul). As Pastorais Sociais irão propor ao Regional Sul 4 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) a criação de casa de acolhida como referência estadual para migrantes e imigrantes.
As pastorais sociais também deverão cooperar com outras entidades, que atuam no campo das migrações, para o fortalecimento e articulação de uma rede estadual. Elas também vão negociar com autoridades públicas a realização de audiências estaduais sobre a problemática.
De acordo com a irmã Scalabriniana Rosita Milesi, advogada e membro do Setor Mobilidade Humana da CNBB, informou que Santa Catarina foi um dos estados que mais empregou haitianos em 2014 (3.708). Além do Haiti, chegam imigrantes, principalmente, de Senegal, de Bangladesh, da Síria e da Nigéria.
— A atenção aos refugiados e imigrantes do ponto de vista pastoral busca expressar-se na acolhida, na integração social, cultural, religiosa, econômica e também na proteção dos direitos —, pontuou irmã Rosita.
Ela também alertou que além do apoio emergencial, quando eles chegam ao país, a Igreja precisa estar preparada para apoiar políticas e oferecer iniciativas para que eles não sejam explorados, discriminados e vítimas de xenofobia. “O ponto de partida desse trabalho é o ser humano filho de Deus”, acentuou.
O haitiano Pierre Jentil, seminarista da Diocese de Joinville, contou que os estrangeiros ainda são muito discriminados e não recebem atenção nem mesmo nas questões mais básicas.
—Há muitos haitianos que não conseguem se adaptar às mudanças culturais e indiferenças e acabam sofrendo muito —, revelou.
Bispos apoiam pastorais sociais
Dom Mário Marquez, bispo de Joaçaba e referencial das Pastorais Sociais no regional Sul 4 destacou que essas entidades são a “força motivadora para a ação da Igreja frente aos mais necessitados.
O bispo emérito de Rio do Sul, dom José Balestieri, ponderou, em homilia, que ao entrar em Jerusalém montado em um burro, fato celebrado no Domingo de Ramos, mostrou seu despojamento e entrega.
— O Reino de Jesus não é um Reino que oferece poder, que oferece reconhecimento. O Reino de Jesus é um Reino de paz, de serviço, de entrega incondicional a Deus. Um Reino que vou tornar concreto por meio de minhas atitudes —, acrescentou.
Seminário fortalece debates
Este seminário é uma atividade anual para o aprofundamento de temas emergentes. Participação social, mudanças climáticas e reforma política foram temas de anos anteriores. A questão das migrações continuará a ser discutida em 2016.
Participaram as dioceses catarinenses (exceto Blumenau); as pastorais regionais da Juventude, da Saúde, Carcerária, da Criança, da Pessoa Idosa, do Migrante; a Comissão Pastoral da Terra e a Cáritas Brasileira. Também,o Centro de Referência em Direitos Humanos da UFFS, Associação de Haitianos de Rio do Sul, Associação de Haitianos de Caçador e Jovens Com Uma Missão.