Em Joaçaba, padre Hélio Luciano de Oliveira explicou que casamento é um fato natural humano (Foto: Angelo Junior Radavelli)

Para o padre Hélio Tadeu Luciano de Oliveira, membro da Comissão de Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Pastoral Familiar é mais do que a sua própria estrutura e conjunto de atividades, mas é ajudar os casais com seus problemas. “É sentar com o João e a Maria e perguntar: o que está acontecendo?”. Ele considerou os aspectos antropológicos da Família aplicados à pastoral, no 8º Congresso Regional Sul IV da Pastoral Familiar, Joaçaba, no dia 24.

Para a audiência de mais de 400 agentes de pastoral, o assessor ponderou que cabe a eles “ensinar a namorar”. Não são falando, “é preciso viver este ensinamento”, destacou.

— Nós temos que aprender a namorar e depois ensinarmos os outros a namorar. É necessário, porque muitas famílias acabam quando os dois se tornam dois desconhecidos escondidos atrás dos filhos —, explicou padre Hélio.

Como fato antropológico, o casamento acontece entre homem e mulher, e não entre “pai e mãe”. Recomendou que a Pastoral Familiar, incentive os casais a viverem como homem em mulher e não apenas pais dos filhos. Para evitar que na partida deles, restem “duas pessoas que não se conhecem mais”.

O casamento, é uma decisão livre que se toma apenas uma vez e a vida é implicada nesta decisão. “Permanecer numa infinita liberdade de eleição não é liberdade”, seja no casamento natural ou o matrimônio sacramental, “que é a representação real do amor de cristo por sua Igreja”.

Diferenças humanas

Homem e mulher, explicou, são dois jeitos diferentes de ser humano, sem que um seja melhor que o outro. “O homem vai ter mais objetividade e a mulher vai ter mais subjetividade”, exemplificou. Segundo ele, em geral, o homem precisa “sentir-se útil”, enquanto a mulher precisa “sentir-se amada”.

— Ela gosta de demonstrações concretas de amor. O homem gosta de demonstrações de amor? Claro que gosta. Para ele é importante, mas para a mulher é necessário —, explicou.

Ele reafirmou que o casal precisa namorar, mesmo nesta época em que há “competição para ver quem é mais ocupado”. “Temos que criar tempo para aquilo que é importante”, como namorar, que é uma prioridade.

Fazer pastoral

Para ele, a estrutura organizacional por si mesma não faz a “Pastoral Familiar nem aqui e nem na China”. A missão é mais ampla, como “ensinar a namorar, ensinar a casar, ensinar as crises dos primeiros anos de matrimônio”.

— Tem que ensinar os casais novos que a sogra atrapalha. Podem visitar a sogra, mas não podem ouvir a sogra. Mais do que qualquer tese ou estudo super-científico, o maior argumento de verdade para um homem, qual é? “Minha mãe disse”.

O padre analisou que é preciso entender o “que é o ser humano” e o “que é a família” para “ajudá-las realmente”. “Se as famílias não estão cuidadas, e é óbvio que as famílias não estão cuidadas, a culpa é de quem? Nossa”.

Ele ponderou que, para surgirem novas lideranças não é possível “pegá-las no laço” ou “por imposição”, mas atraí-las, mostrando felicidade.

— Se Jesus tivesse dito para Pedro: “Pedro vem e segue-me e morrerás crucificado de ponta cabeça”. Pedro teria seguido Jesus? Não. Pedro Morreu crucificado de ponta cabeça? Morreu. Feliz por ter entregue a vida por Jesus —, exemplificou.

Padre Hélio alertou para a necessidade do uso das ferramentas disponíveis no cumprimento a missão pastoral, sem idealizar não existe. “Ah, se fosse assim! Ah, se fosse assado! Não é assado, não é assim. É como está, que está que temos que transformar o mundo”, concluiu.