Na 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, terça-feira, 12, aconteceu celebração ecumênica, com líderes religiosos de outras quatro igrejas cristãs. Na reflexão, a pastora Sônia Mota, da Igreja Presbiteriana Unida, relevou sua alegria pela a abertura das Igrejas ao ecumenismo. Isso lhe permitiu estar no púlpito falando aos bispos católicos.
Para ela, os primeiros cristãos, no contexto de perseguição e exclusão social, conseguiram construir uma igreja viva. “Eles foram tão eficazes no seu testemunho e na sua proclamação dos grandes feitos do Senhor, que hoje, 21 séculos depois, aqui estamos nós, unidos, reunidos, como igrejas herdeiras daquela fé, para reafirmar o nosso compromisso, de que através de nossa atuação, continuaremos a proclamar os grandes feitos do Senhor”.
Foi uma referência à leitura do livro de São Pedro, que inspirou o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2016, este ano preparada pelos cristãos da Letônia: “Chamados a proclamar os altos feitos do Senhor” (cf. I Pedro 2,9).
Outro momento ecumênico, aconteceu com a participação do pastor Nestor Friedrich, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. O pastor apresentou o documento católico-luterano, que lembra os 500 anos da Reforma Protestante, a serem celebrados em 2017.
O documento conjunto da Igreja Católica e da Federação Luterana Mundial, intitulado “Do Conflito à Comunhão”, foi lançado em 2013, em Genebra.
Na ocasião, o monsenhor Mathias Turk, do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos da Santa Sé, disse que a intenção do documento é “contar a história de uma forma diferente” e não contar uma história diferente”. Em diálogo, as igrejas redescobriram fundamentos comuns, que tinham sido mal-entendidos.
Na entrevista concedida para a Agência Sul 4 de Notícias, o catarinense dom Manoel João Francisco, membro da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, elogiou a tradição da celebração ecumênica e a participação do pastor Friedrich, neste esforço ecumênico.
— O ecumenismo é constitutivo do ser católico. Quem é católico tem que ser ecumênico. Mas tem muita gente achando que é uma questão de opção —, disse o bispo de Cornélio Procópio, no Paraná.
Ele lamentou que ainda existam irmãos e irmãs que se opõe ao ecumenismo, pois estão contra o Evangelho, em sua avaliação. “Jesus Cristo reza: Pai, para que todos sejam um, assim como
Tu e eu somos um”, citou.
Para o bispo, a ruptura da Igreja aconteceu por causa do pecado. A conversão consiste na busca da unidade perdida. Como no exemplo do documento bilateral. “Nesse texto, os luteranos reconhecem que erraram e pedem perdão e os católicos também”.
Isso porque, a unidade não acontece teoricamente, mas “com gestos concretos: celebrar, dar as mãos, reconhecer os erros, reler a história, propor coisas novas”.
Dom Manoel lembrou que no final do milênio, o papa São João Paulo II havia feito um convite a unidade, para que no segundo milênio os cristãos reparassem as divisões que aconteceram no primeiro, o que incluiu a Reforma Protestante.
As organizações da Igreja, como as comissões regionais e diocesanas de ecumenismo, tem a função de ajudar a criar a consciência ecumênica, explicou o bispo, que já presidiu o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs.