Boas fotografias requerem domínio do equipamento, disse o fotógrafo Gilmar Bonifácio (Foto: Bibiana Pignatel/Diocese de Criciúma)

Um conselho de padre Joel Sábio para os fotógrafos: “não precisa bater foto da Eucaristia. A Eucaristia é para ser celebrada, não para ser exposta”. Para ele, a foto não transmite os significados deste sacramento e fica ainda pior quando misturada às fofocas das redes sociais. “É tão banal”, avaliou.

O coordenador de pastoral da diocese de Criciúma deu esta e outras recomendações no “Workshop sobre Fotografia Profissional e Postura no Espaço Litúrgico”, para agentes de comunicação ligados à Pastoral da Comunicação (Pascom) das paróquias, em Içara, 28.

Padre Sávio enfatizou que a área do altar, chamada de presbitério, é reservada a quem preside as celebrações. “Com as lentes zoom, as imagens podem ser feitas à distância”, explicou. Se, excepcionalmente, houver a necessidade, o fotógrafo não deve permanecer mais do que o instante necessário para fazer a fotografia.

A nave, que é todo o espaço interno restante, pode ser usado com cuidado. “Não se circula como se não estivesse nada acontecendo. Já vi por aí, a pessoa da Pascom fez uma maratona durante a missa. Ela andou, ela foi, ela voltou, depois voltou de novo. Cada vez que passava no altar fazia inclinação, aí ela vai bate uma foto, passa e faz a inclinação de novo. Quem chamou mais atenção?”

Algumas interferências mais comuns causadas por fotógrafos são os ruídos dos calçados, o uso de roupas chamativas e o excesso de equipamento. O agente, “às vezes, está lá filmando com uma câmera, de repente puxa o celular do bolso, faz uma foto e fica com uma câmera pendurada no braço. Não precisa tudo isso”.

Os agentes devem preparar-se para serem discretos e não devem parar a celebração ou pedir para repetir gestos para conseguir poses. “O mais importante é a primeira comunhão e não a fotografia”, pontuou o coordenador de pastoral.

— Tem aparecido muito os paus de selfie. Além do pau de selfie, que já é horrível, há o celular que, geralmente, tem uma capinha pior ainda. Aí tem uma foto em que a capinha do celular é uma latinha de cerveja. Quando levanta aquilo, distrai totalmente.

Os fotógrafos devem conhecer os ritos das celebrações para fotografarem o que é mais importante. Segundo padre Sávio, é necessário que os agentes da Pascom participem do planejamento dos eventos e cerimônias para não serem pegos de surpresa.

— Às vezes, o fotografo está lá no fundo da Igreja quando começa um momento importante e ele sai correndo. Até ele chegar lá na frente, acabou —, contextualizou.

Para missas de caráter diocesano, a orientação é que não haja sobreposição de equipes de comunicação. Para isso, os agentes da Pascom da paróquia local ficam responsáveis pela cobertura. Se isto não for possível, o Setor de Comunicação, ligado ao Secretariado Diocesano convida uma equipe que a substitua.

A diocese também recomenda que os agentes da Pascom deem visibilidade às ações das pastorais e da paróquia e não apenas à agenda dos padres; e que mantenham relacionamento com a imprensa local através envio de releases e fotografias de qualidade.

Técnica

O fotógrafo profissional Gilmar Bonifácio, de Içara ensinou algumas técnicas fotográficas. Ele conheceu a fotografia atuando pela Comissão Pastoral da Terra na organização da oposição de sindicatos pelegos, quando precisou montar um laboratório para revelar fotos dos registros dos trabalhadores no interior da Bahia, nos anos 80 e 90, onde chegou para ser missionário do Projeto Igrejas Irmãs.

Bonifácio salientou que uma boa fotografia é obtida com o uso adequado da sensibilidade (ISO), abertura do diafragma e a velocidade do obturador. Ele recomendou que antes de pensar em novos equipamentos, os fotógrafos devem dominar os recursos da sua câmera atual, pois muitas vezes não usam metade do seu potencial.

— Conhecer a técnica e a prática ajuda a registrar belas imagens, mas é o seu olhar que fará a diferença —, destacou.

5 Dicas de fotografia

#1. A limpeza do censor deve ser feita apenas por profissional. Mas, em uma emergência, um cotonete pode salvar as imagens de pontos de poeira acumulados.

#2. Lentes olho de peixe, custam na faixa de 6 mil reais, mas há as feitas para uso no celular que quebram o galho para a internet e custam cerca de 50 reais.

#3. Segure um papel branco em frente ao flash embutido da câmera para difundir a luz e deixa-la mais suave.

#4. Desenhe mentalmente um “jogo da velha” no visor da câmera, coloque o que você quer em evidência nos pontos de cruzamento das linhas, para criar uma composição agradável aos olhos.

#5. Alternativa ao modo manual é o uso das prioridades de abertura, velocidade e programa de exposição, em que o fotógrafo define um item manualmente e a câmera decide o resto.