A espiritualidade da Pastoral da Juventude (PJ) é cristocêntrica, explicou o ex-coordenador nacional da entidade, Luis Duarte Vieira, aos jovens da terceira etapa da Escola de Formação Regional de Lideranças da PJ, realizada em Lages, 09 e 10 de julho. “Nós somos seguidores de Jesus Cristo, então, ele é nossa referência”.

Aos trinta participantes, Duarte indicou que a espiritualidade da pastoral é, também, mariana, comunitária e eclesial, leiga e missionária, encarnada e libertadora, orante e celebrativa. “Estas características definem a Pastoral da Juventude”, disse.

Enquanto se inspira em Maria, a mãe de Jesus, como modelo de seguimento de Cristo, a PJ incentiva seus grupos de base a viverem sua espiritualidade com orações e celebrações encarnadas na vida. As celebrações são marcadas pela Eucaristia, nas quais celebram “a memória pascal de Cristo na Páscoa do povo e a Páscoa do povo na Páscoa de cristo”.

Os mártires são sempre lembrados pelos jovens, como dom Oscar Romero, bispo morto pela ditadura de El Salvador e a jovem Janete Cassol, sindicalista assassinada em Xanxerê, SC.

— Assim, a espiritualidade alimenta e fortalece, em nós, a causa do Evangelho e a causa do Reino de Deus. Não entendemos uma espiritualidade que desconecte a fé da vida —, disse o Duarte.

Os grupos de base são a essência da PJ, sem os quais ela não existiria. “A decisão de seguir Jesus é individual, mas o seguimento é comunitário, é feito com o irmão e com a irmã”. A comunidade formada pelo grupo não só é essencial para o encontro com Cristo, mas também pelo contato pessoal.

— As mídias sociais, como o Facebook e Whatsapp, favorecem a interação, sobre tudo nas distâncias, mas há algo que só o contato físico, só a partilha, só o abraço, só o estar junto possibilitam —, analisou.

Missionariedade

As “missões jovens” reforçam a conexão com a vida e geram uma consciência e uma atitude missionária, cuja experiência de SC, foi elogiada pelo assessor, porque é a melhor sistematizada entre todos os regionais no Brasil. A missão é antecedida de uma pré-missão e de uma pós missão, que ajudam na preparação e na avaliação dos resultados.

— Como tal, a missão tem uma característica fundamental, que é de romper com o egoísmo e com as barreiras individuais, para encontrar o outro e comungar com sua vida. Por isso, as missões jovens não são como uma visita ao zoológico, nem passeio, nem turismo. É encontrar com o outro, saindo de si, e acolher a sua realidade —, acrescentou.

A experiência missionária é difícil, apontou Duarte, mas ela promove a conversão e ajuda os jovens a “assumir sempre mais uma postura coerente com o seguimento de Jesus e coerente com o Reino de Deus”.

Enquanto privilegia o protagonismo juvenil, a PJ conta com o acompanhamento de pessoas adultas, leigas ou religiosas e de padres, que contribuem no processo de formação da juventude, nas coordenações e também nos grupos de base.

Com os bispos

O assessor destacou ainda que, a exemplo da espiritualidade, a organização é essencial para o ser da PJ. Baseada em grupos, a pastoral segue a estrutura da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dividida em 18 regionais.

Em cooperação com a CNBB, a pastoral baseia-se nas orientações dos documentos publicados pelos bispos. O principal deles, Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais, de 2007, aponta o processo de formação integral como metodologia de trabalho para os jovens. “É uma formação que olha para o todo da juventude e não para uma dimensão ou outra”, disse o ex-coordenador.

Com três, de cinco etapas, realizadas, a Escola de Formação Regional de Lideranças, atende a cada uma das dimensões. “Esta etapa trata da espiritualidade e mística da pastoral, ou seja, a relação entre eu e Deus, que busca desenvolver a espiritualidade pessoal e comunitária”, explicou Maristela Oliveira, Secretária Regional da PJ. A relação consigo mesmo, com os outros, com a sociedade e com a ação são as outras quatro.

De acordo com a secretária, o objetivo desta escola é que as lideranças jovens “possam desenvolver o conhecimento adquirido com os jovens dos grupos de base”. Além disso, o projeto é embasado nas diretrizes da Igreja no Brasil e no Plano Regional de Pastoral da CNBB em SC, que indicam a necessidade da formação de lideranças. A próxima etapa está marcada para nos dias 03 e 04 de setembro, em Lages.

Saiba mais:

Sete características da Espiritualidade da Pastoral da Juventude

1. Cristocêntrica – centrada em Jesus, amigo companheiro de caminhada.
2. Mariana – Maria se compromete com o projeto de Deus. É exemplo de fidelidade, disponibilidade, entrega.
3. Comunitária e eclesial – pois é no grupo e comunidade na que o jovem se identifica, partilha suas experiências e sonhos.
4. Leiga e Missionária – a presença do espírito nos grupos e comunidades instiga o jovem a servir os outros e a descobrir sua vocação missionária.
5. Encarnada e libertadora – O filho de Deus se encarna na realidade humana. Tem uma ligação de fé e vida. Tal presença é ativa e efetiva lutando pela libertação.
6. Orante – valoriza os momentos de oração pessoal e comunitária. A liturgia e as celebrações expressam a espiritualidade que nos alimenta e anima.
7. Celebrativa – a alegria da juventude manifesta-se na celebração da vida e do Espírito como festa inspirada na vitória pascal. A realização de encontros, festas, liturgia, caminhadas… são momentos de viver o Deus-felicidade que nos anima e revigora para a ação concreta.

Dimensões do Formação Integral recomendadas pela CNBB: