Comunidade espera que novo bispo seja próximo do povo e ajude em seus desafios (Foto: Marcelo Luiz Zapelini/Agência CNBB Sul 4)

Empossado, dia 15, bispo de Rio do Sul, dom Onécimo Alberton está à frente de sua primeira diocese, que possuiu mais de 240 mil católicos distribuídos em 31 paróquias e 507 comunidades. Nos 32 municípios de abrangência diocesana, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) médio é 0,730, considerado alto pela ONU. Se fosse um país, a região estaria na 86ª colocação no ranking das nações.

Para o padre Osmar Debatin, Coordenador Diocesano de Pastoral, “a diocese é espetacular”, com diversos movimentos eclesiais e pastorais, e comunidades atuantes, mas as vocações sacerdotais estão abaixo do esperado. “Atualmente temos um animador vocacional, mas precisamos criar equipes da pastoral vocacional nas paróquias”, explicou padre Debatin para a Agência CNBB Sul 4 de Notícias. Segundo ele, o novo bispo, que já foi formador, tem interesse na iniciativa.

O grande consumo de agrotóxicos pelos agricultores e a chegada constante de haitianos nos municípios da região (vivem 600 na cidade de Rio do Sul), são dois atuais desafios para a diocese, segundo a irmã Carmela Panini, que representa as Pastorais Sociais. “A Cáritas Diocesana começou um trabalho com os agricultores para ajudá-los a trocar os defensivos agrícolas por produção agroecológica, mas a ainda falta a organização da Pastoral do Migrante”, analisou.

A líder comunitária da Pastoral da Criança, Emerlinda da Silva Savi, espera que dom Alberton divulgue as pastorais nas comunidades e peça aos padres para atuarem próximos aos agentes. “A palavra do padre e do bispo é muito importante para legitimar a atuação do leigo”, analisou. Para ela, com o apoio do clero, a comunidade fica mais aberta ao trabalho das pastorais.

—É muito complicado motivar as pessoas a pensarem na realidade em que vivem e está cada vez mais difícil conseguir voluntários, as pessoas pensam muito no ganho financeiro, elas não conseguem compreender esse ganho espiritual e pessoal que temos como agentes de pastoral —, analisou.

Os jovens da Pastoral da Juventude, por sua vez, desejam ser ouvidos e aproximar-se do novo bispo. Segundo o líder da pastoral, Mauricio Marchi, foi isso o que disseram ao novo bispo ao entregar-lhe uma bandeira no final da Missa de posse.

—Esperamos aproximação. Queremos ajudar a construir juntos com ele um trabalho para a juventude nos próximos anos. Ele respondeu que está aberto a dialogar —, disse o jovem.

Um bispo próximo ao povo é o que desejam também líderes das comunidades, segundo o casal coordenador de pastoral na paróquia Nossa Senhora das Graças, Nelson José Stüpp e sua esposa Rosenete.

— Nós sentimos que ele tem a humildade necessária para sair do gabinete e estar com o povo. Nós só o vimos pela TV e agora a pouco quando passou por nós, mas percebemos que o seu olhar transmite confiança, e confiança é tudo. Ele olha nos olhos da gente —, contou o líder comunitário.

Oito casais do bairro Michel, em Criciúma, que disseram estar em Rio do Sul desde sábado (14) para “entregar o bispo”, garantiram que ele tem o carisma e o perfil para enfrentar os desafios locais e “revolucionar a diocese” como fez nos 18 meses em que esteve à frente da paróquia que se tornou mais vibrante e engajada, graças à “ao seu jeito simples de olhar todo mundo, sem discriminar ninguém”, asseguraram unanimemente.

—Rio do Sul recebeu o presente do ano, da década —, assegurou Valdelir Biff, que esperava com o grupo no último banco da catedral, pela manhã, o bispo para mais um passeio. Segundo ele, “sua postura litúrgica e espiritualidade são fantásticas”.

Criz Pereira, contou que o vínculo afetivo entre o padre e a comunidade é muito forte, por isso 300 pessoas estavam viajando de ônibus para a missa.

“Quando souberam que ele seria bispo, teve muito marmanjo que chorou”, contou, sorrindo para os homens do grupo.

Não houve tempo para contar mais nada, o bispo e amigo chegou. Posaram para uma foto na saída para Catedral e saíram juntos, em uma declarada mistura de emoções.