Dom Severino Clasen cita documento 107 da CNBB: o laicato como um todo é um “verdadeiro sujeito eclesial”. (Marcelo Luiz Zapelini/Agência Sul 4)

Dom Severino Clasen voltou a defender a criação dos conselhos diocesanos e de um conselho regional dos leigos. Com eles, os leigos poderiam fortalecer sua identidade como sujeitos na Igreja e no mundo.

A proposta está no documento 105 da CNBB, apresentado pelo bispo de Caçador e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Seminário Partilha de Carismas Leigos da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), em Lages, 11.

Como explicou, os conselhos não são órgãos de defesa das pastorais, eles servem para animar a missão dos leigos. Médicos, professores, administradores, advogados e outros profissionais devem ter representantes nesta articulação, assim como os empresários. “Não temos pessoas preparadas para acompanhar os empresários, mas eles estão sedentos por Deus”, avaliou o bispo.

A ação dos cristãos leigos e leigas no mundo deve ser feita nas funções diárias na casa, no trabalho e no lazer, por meio da ação dos homens e mulheres que trabalham na construção do mundo nas mais diversas frentes e nas organizações em nome da fé, para influenciar positivamente na construção da sociedade.

Os desafios para os leigos na Igreja envolvem o individualismo, sacramentalização, o devocionismo e o clericalismo, muitas vezes, incentivados pelas redes católicas de televisão. “O que elas ensinam sobre o dízimo? Nada. Elas incentivam coletas. As nossas Igrejas não podem mais fazer caridade porque o dinheiro vai para a Canção Nova ou para a Rede Vida, por exemplo”.

No trabalho, os leigos têm o dever ético de agir conforme Jesus Cristo agiria. Ao mesmo tempo, precisam atuar para modificar o mundo controlado pelo capitalismo rentista e pela corrupção. “Nós perdemos a ética, porque é o Mercado acima de tudo”, avaliou.

Dom Clasen sugeriu que fossem criados Observatórios Sociais, “grupos que estão de olho para ver se coisas estão certas”. Também sugeriu a formação de grupos locais para discutir a ética do ponto de vista cristão e assim influenciar boas práticas de lideranças políticas e empresariais.

O bispo alertou que “todos os partidos são iguais” e que as bancadas do boi, da bala e da bíblia “não estão preocupadas com o povo”, mas com suas próprias pautas, que inclui o fim das terras indígenas. Ainda assim, a participação política dos leigos é necessária, tanto como candidatos para os Poderes Executivo e Legislativo, tanto como participantes da elaboração, proposição e fiscalização de políticas públicas.

— Nos Conselhos de Direitos há um grande espaço para os cristãos leigos e leigas se empenharem por políticas públicas em favor da saúde e da educação, do emprego e da segurança, da mobilidade urbana e do lazer, entre outras urgências —, indicou.