“Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da terra e luz do mundo”, é o título do texto aprovado hoje, 13, pela Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, de acordo com dom Darci Nicioli, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação. O futuro documento, propõe o laicato como sujeito na evangelização.

— Essa é uma palavra-chave importante no documento. Os leigos são sujeitos desde os primeiros sacramentos, principalmente o batismo. Não são subordinados, não são fiéis de segunda categoria, mas, tem sua própria vocação e missão. Portanto, o documento dá um grande ânimo para que os leigos descubram este seu ser e seu agir —, disse, para a Agência Sul 4 de Notícias, padre Vitor Feller, integrante equipe de redação.

Segundo ele, há muitas missões e funções em que os leigos tem uma competência própria e que os padres e os bispos não tem. “Então é preciso ouvi-los, dar-lhes determinadas funções e fomentar os carismas que eles tem”.

Os bispos, no texto, salientam que os leigos tem a missão de atuar em lugares como, família, política, trabalho, cultura e comunicações.

A ação do leigo também acontece na vida diária, indica o documento, em casa, no trabalho e no lazer. Ações feitas com amor contribuem com a construção do Reino no cotidiano e revela a própria presença de Deus.

O texto inspira-se no Concílio Vaticano II e faz conexões com o Documento de Aparecida e a exortação apostólica Evangelii Gaudium.

— O Concílio Vaticano II diz que a Igreja é comunhão. A comunhão de todos os membros do povo de Deus. Nessa comunhão, existe uma comum dignidade, uma só fé, um só batismo e um só senhor —, explicou Feller, que é professor da Faculdade Católica de Santa Catarina.

Neste sentido, as diferenças estão relacionadas às funções próprias do clero e dos leigos e não na dignidade de cada um.

O Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, dom Severino Clasen, que é bispo de Caçador, disse para a Agência que a organização dos leigos é essencial. A constituição de Conselhos de Leigos é um indicativo aprovado.

— Para nosso regional, esperamos que nos próximos anos, possamos ver um laicato organizado. Os conselhos de leigos começam a partir das dioceses, mas o Regional Sul 4 da CNBB tem o grande trabalho de dar um impulso. Na próxima Assembleia Regional de Pastoral, podemos dar um chute inicial, para que todas as dioceses comecem a organização dos seus conselhos —, sugeriu.

Dom Clasen avaliou que milhares de leigos já “fazem bonito” dentro da Igreja mas podem ganhar mais espaço na sociedade.

Para dom Mário Marquez, bispo de Joaçaba, os bispos tem importante papel de estimular laicato, ao garantir oportunidades para formação dos leigos, para que possam responder aos desafios atuais, como sinal do Reino e como sinal de transformação.

— O mundo carece de princípios, carece de valores e principalmente de vida em comunidade. É um mundo que nos leva a um certo egoísmo —, analisou.

O documento “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da terra e luz do mundo”, ainda não tem data para ser lançado.

Estrutura

A estrutura do texto foi apresentada pelo arcebispo de Londrina (PR) e presidente da Comissão para o Tema Central da Assembleia, dom Orlando Brandes. Conforme explicação, a versão ampliada do Estudo 107 possui uma perspectiva pastoral e está organizado conforme o método “Ver, Julgar e Agir”, utilizado pela Igreja no Brasil em seus documentos. O texto inspira-se na matriz eclesial do Concílio Vaticano II, com um acento no Documento de Aparecida e na exortação apostólica Evangelii Gaudium. Está estruturado a partir de dois eixos: o leigo como sujeito da ação pastoral e o mundo como primeiro campo de atuação do leigo.

O primeiro capítulo mostra o rosto atual do cristão leigo, o mundo como o primeiro campo de ação deste sujeito eclesial e as características do mundo globalizado, no qual a missão se desenvolve. O segundo capítulo trata do leigo como “discípulo missionário e cidadão”. Nele são abordadas a identidade e a vocação laical, os âmbitos da comunhão eclesial e a atuação do leigo como sujeito. No terceiro capítulo é relatada a natureza da ação transformadora do cristão leigo na Igreja e no mundo, com seus areópagos modernos.